GUERRA
Tsai Ing-wen, de Taiwan, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia: ameaças comuns (Fotos: Redes Sociais)

Sob ameaça de invasão, Taiwan envia ajuda financeira à Ucrânia

Governo taiwanês aponta semelhanças entre seu país e Ucrânia na preservação de territórios

Por: Mario Augusto
Da redação | 20 de setembro de 2022 - 22:00
Tsai Ing-wen, de Taiwan, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia: ameaças comuns (Fotos: Redes Sociais)

O governo de Taiwan doou mais de US$ 30 milhões em ajuda humanitária para a Ucrânia, informou a presidente do país, Tsai Ing-wen. A maior parte dos recursos veio de doações da população sensibilizada pelos efeitos da guerra. Taiwan também aderiu às sanções econômicas adotadas pelo Ocidente contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, em fevereiro deste ano.

Ao participar da Cúpula da Concórdia, em Nova York, Tsai Ing-wen disse que Taiwan está orgulhosa dos esforços realizados para ajudar a Ucrânia a defender-se dos ataques injustos das tropas russas ao país.

Taiwan demonstra empatia em relação à guerra na Ucrânia em razão dos claros paralelos existentes entre os dois países, uma vez que o governo de Taipei vive sob a perspectiva de uma invasão militar da China, que considera a ilha como extensão de seu  território.

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“Enquanto assistimos à carnificina da invasão russa, Taiwan se orgulha de desempenhar um papel no esforço para ajudar os ucranianos em sua luta para defender seu país e sua liberdade. Devemos continuar com nossos esforços”, disse Tsai Ing-wen.
Cúpula da Concórdia

A Cúpula da Concórdia reúne países asiáticos em defesa da democracia, e é realizada simultaneamente à Assembleia Geral da ONU. Taiwan tem um status político controverso. Não é membro da ONU porque a China trata a ilha como uma de suas províncias e não o reconhece como um Estado independente e soberano. A ilha não é um país reconhecida como país pelos organismos internacionais, mas também não está subordinado ao governo de Pequim na China continental.

Presidente de Taiwan: “Defender a democracia é defender a estabilidade mundial”. Foto: Redes Sociais.

“Temos que nos educar sobre a cartilha autoritária e entender que a democracia de Taiwan não será a única coisa que a República Popular da China busca extinguir”, afirmou, Tsai, fazendo referência à adesão de outros países em favor da democracia em Taiwan.

“Garantir a democracia de Taiwan é imperativo para garantir a liberdade e os direitos humanos para nosso futuro coletivo”, concluiu a presidente.

A origem da disputa entre China e Taiwan

Taiwan tem um governo próprio desde 1949, após uma intensa guerra civil entre comunistas e nacionalistas que começou em 1927. O Partido Comunista Chinês de Mao Tse-Tung venceu o confronto e assumiu o poder na China.

Com a ascensão do Partido Comunista, o então líder da China, Chiang Kai-Shek, fugiu com aliados políticos para o território vizinho, onde hoje é Taiwan, e formou um governo paralelo.

Devido à origem comum, Taiwan e China mantêm muitas semelhanças. O mandarim, é o idioma oficial falado na ilha, além, é claro, da identidade cultural.

Taiwan se autodenomina “República da China”, enquanto a China continental é a “República Popular da China”.

Durante muito tempo os dois países disputaram internacionalmente o título de legítimo herdeiro do governo chinês. Em 1970, a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais reconheceram a China continental como legítimo representante do governo chinês.

Os Estados Unidos também não reconhecem a independência de Taiwan. A diplomacia americana trabalha com o conceito de “China única”. Mas há tempos os americanos prestam assistência técnica e militar à ilha e defendem que Taiwan deve ter autonomia para estabelecer um governo próprio, o que esgarça ao limite a relação diplomática com o governo de Pequim.

Economia pujante

Nas últimas décadas, a economia de Taiwan firmou-se como uma das dez mais importantes da Ásia. A ilha se destaca principalmente pela fabricação de produtos de alta tecnologia, como chips e outros componentes eletrônicos, e abriga uma unidade da Foxconn, a indústria que fabrica os iPhones da Apple.

Bem longe da disputa política, Taiwan e China mantêm relações comerciais consideráveis. Para se ter uma ideia, em 2021, a ilha exportou para a China continental o equivalente a US$ 120 bilhões em produtos.

Em agosto deste ano, o país foi destaque no noticiário internacional com a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi. Em represália, o governo chinês realizou exercícios militares de grande expressão e alertou os Estados Unidos para que não “brinque com fogo”.

Guerra comercial China x EUA

Desde a Guerra Fria, nos anos 1950, os Estados Unidos mantêm uma relação de proximidade econômica e de cooperação militar com Taiwan. Além disso, Taiwan tornou-se um fator geoestratégico na medida em que crescem as disputas comerciais entre Estados Unidos e China. Os dois países disputam o protagonismo econômico e tecnológico.

Nos últimos dias, uma declaração do presidente norte-americano Joe Biden estremeceu ainda mais as relações entre os dois países. Biden afirmou que os Estados Unidos responderiam em caso de ataque a Taiwan.

A reação foi imediata e o governo de Xi Jinping fez novo alerta aos americanos para que não passem uma mensagem errada à ilha de Taiwan porque as consequências seriam seríssimas.

Os temores de que China e Taiwan travem um choque militar são crescentes, mas os analistas são unânimes ao afirmar que qualquer confronto envolvendo a China seria má notícia para a estabilidade no mundo inteiro.

E, dificilmente, algum país pagará para ver.

Tsai Ing-wen, de Taiwan, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia: ameaças comuns (Fotos: Redes Sociais)

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