Já faz algum tempo que os empregadores podem monitorar emails, o conteúdo de computadores e até ligações. Mas os equipamentos existentes hoje já dispõem de recursos para permitir um acompanhamento da atividade cerebral dos funcionários. Pelo menos é o que afirma a Dra. Nita Farahany, pesquisadora de novas tecnologias e professora da Escola de Direito da Universidade de Duke, na Carolina do Norte.

Ferramentas disponíveis hoje, segundo a doutora, permitem medir a atividade elétrica do cérebro. Ela explica que determinados softwares, quando combinados a algoritmos, podem captar ondas cerebrais, decodificar as emoções e os sinais cognitivos de uma pessoa.

Atualmente, diz a Dra. Farahany, algumas empresas já utilizam certas ferramentas para detectar o nível de fadiga dos funcionários. E oferecem a possibilidade de monitoramento das ondas cerebrais, como parte de programas de bem-estar, destinados a reduzir o stress e a ansiedade.

Como professora de Direito, a doutora alerta para os limites da ciência e dos direitos individuais. “Não existe um amparo legal para proteger os empregados contra o escaneamento de seus cérebros pelos empregadores”, ela afirma.

Para tratar desse assunto, a Dra. Farahany está lançando o livro “The Battle for Your Brain: Defending the right to Think Freely in the Age of Neurotecnology“. No livro, ela argumenta que o local de trabalho será uma arena crucial na luta pelo que ela chama de “o futuro da privacidade mental”.

A pesquisadora acredita que, atualmente, alguns empregadores já estão acumulando uma quantidade cada vez maior de dados sobre os funcionários, incluindo o que se passa no cérebro deles. Segundo ela, é preciso estabelecer limites sobre como essa informação será utilizada.

De acordo com a doutora, nos Estados Unidos, algumas empresas começaram a se interessar por tecnologias que permitem detectar o grau de fadiga dos funcionários, além do nível de atenção. Ela admite que o monitoramento das ondas cerebrais também pode ser utilizado pelos funcionários. Nesse caso, eles poderiam descobrir o momento para tirar umas férias prolongadas ou, pelo menos, se desligar por alguns dias do trabalho.