O sentimento ajuda a liberar substâncias químicas boas no cérebro, como a endorfina e dopamina
Já se perguntou o porquê das pessoas gostarem de assistir filmes de terror? Ou aceitarem entrar naquele túnel do susto em parques de diversão? Isso tudo tem uma explicação científica. De acordo com um estudo da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, a sensação do medo pode liberar hormônios positivos no corpo humano, quando ocorre em “doses ideais”. “Um lugar perfeito onde o contexto não é muito aterrorizante, mas também não muito manso. Este ponto ideal parece ser onde o prazer é maximizado”, afirma o pesquisador Marc Malmdorf-Andersen.
Pessoas que visitaram a Dystopia Haunted House, casa possui mais de 70 atores, incrivelmente assustadores, na Dinamarca, se voluntariaram para participar da pesquisa. As descobertas indicaram que, realmente, o ser humano gosta de sentir uma dose de medo, pois o obriga a sair da zona de conforto. Ao senti-lo e depois “voltar para a vida real” faz circular substâncias químicas boas no cérebro, como a endorfina e dopamina, gerando um estado de euforia.
Existem também teorias sobre a história do desenvolvimento do homem que explicam o porquê das pessoas gostarem de sentir o friozinho na barriga, de vez em quando. Nas sociedades primitivas, por exemplo, era comum os ancestrais contarem casos horripilantes para os mais novos. Assim, eles conseguiriam se proteger em situações inusitadas.
De acordo com pesquisadores da Exeter University, essa questão tem explicação científica na Psicologia. O medo pode ser visto como uma forma de lidar com a ansiedade causada por experiências inesperadas. Envolver crianças em brincadeiras que possibilitem um pouquinho dessa sensação pode ajudá-los a lidar com situações imprevisíveis na vida.
Entretanto, tudo que é exagerado faz mal. Muito medo também pode ocasionar angústia e disfunções emocionais, até aumentando o quadro de ansiedade.
Um artigo publicado na revista científica Galáxia, escrito por pesquisadores da Fiocruz junto com a PUC São Paulo, mostrou que, durante a pandemia, houve um aumento de pessoas assistindo o filme “Contágio” (2011). O assunto foi medido pelo Google Trends, e apontou um pico de pesquisas pelo longa entre os dias 15 e 21 de março de 2020, fase inicial das infecções pelo novo coronavírus. Segundo os estudiosos, isso ocorre porque a produção cinematográfica é muito parecida com o cenário causado pela pandemia da covid-19. Inclusive, se tornou um dos filmes mais procurados no streaming durante esse tempo pandêmico.
Essa situação demonstra o quanto as pessoas buscam situações para “se preparar” para a vida real. O filme Contágio, portanto, foi uma das alternativas encontradas pelas pessoas de todo o mundo para essa finalidade.