MEIO AMBIENTE

A saúde dos oceanos, fonte de vida, está em jogo

ONU retoma tentativa de acordo para ampliar áreas protegidas dos oceanos e evitar agressões à vida marinha

Por: Daiana Rodrigues Pereira
Da redação | 17 de agosto de 2022 - 22:00

Mais de três bilhões de pessoas no mundo dependem dos oceanos como sua principal fonte de alimentos. E são os oceanos os responsáveis por mais da metade do oxigênio que consumimos. Muito mais do que as grandes florestas. Dois terços dos mares são considerados águas internacionais, o que significa que todos os países têm o direito de pesca nessas áreas, além do tráfego marítimo e de realizar pesquisas. Mas apenas 1.2% dos mares são protegidos.

Na tentativa de ampliar as áreas sob proteção, representantes de 72 países estão reunidos na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York, para buscar um acordo. Uma tarefa bem difícil, uma vez que as negociações vem se arrastando há dez anos, até agora sem sucesso. Os países representados no encontro fazem parte do Global Ocean Alliance (GOA), liderados pelo Reino Unido, fazem agora uma nova negociação visando concluir o Tratado de Alto Mar.

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Tratado visa proteção da vida marinha. Foto: NOAA.

O Tratado de Alto Mar

Se for alcançado um acordo, os oceanos terão cerca de 30% das áreas sob proteção, até 2030. Os defensores do tratado esperam que, nas áreas restritas, haja a proibição da pesca predatória, a mineração e outras atividades que destroem os ecossistemas. Atualmente, a maior parte dos oceanos está exposta à exploração sem controle, o que resulta em sérios danos ao meio ambiente.

O encontro em Nova York, que vai se estender até o dia 26 de agosto, traz um alerta de urgência. Isso ocorre porque as medidas de proteção já deviam ter sido colocadas em prática em março deste ano, quando ocorreu a quarta reunião entre os países. Segundo a presidente da conferência, Rena Lee, o atraso se deu por causa da pandemia. 

Temas delicados

Nessa nova oportunidade, os temas fundamentais em discussão são: decidir sobre a criação das chamadas “Áreas Marinhas Protegidas”, os direitos de pesca, a possível proibição de certas atividades e a designação de potenciais lucros advindos de recursos marinhos pelas empresas. São assuntos delicados, e que interferem nas atividades de empresas e pessoas ao redor do mundo. Mas, o foco principal, é a proteção das chamadas águas internacionais. 

Pesca predatória preocupa

Especialistas acreditam que o Tratado de Alto Mar é a grande esperança para amenizar os danos causados pelo homem na vida marinha. Os debates vêm se acirrando diante do aumento da pesca predatória no mundo. Por conta desse cenário que vem se agravando, ambientalistas e pesquisadores temem pelas espécies que possam se extinguir antes mesmo de serem descobertas.

Afinal, as mudanças climáticas vêm se acentuando com o passar dos anos. Estudo, financiado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), publicado pela revista científica Science, neste ano, apontou que entre 10% e 15% das espécies marinhas já estão sob risco de extinção. Essa quinta sessão promete ser a última para assinar o Tratado.

Veja os países membros da Global Ocean Alliance: Albânia, Antígua e Barbuda, Armênia, Austrália, Azerbaijão, Bahrein, Bangladesh, Barbados, Bélgica, Belize, Benin, Cabo Verde, Camboja, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Chipre, Dinamarca, Dominica, Equador, Egito, El Salvador, Fiji, Finlândia, França, Gabão, Geórgia, Alemanha, Guatemala, Guiné, Guiana, Honduras, Israel, Itália, Jamaica, Jordânia, Quênia, Kiribati, Luxemburgo, Maldivas, Mauritânia, Micronésia, Mônaco, Montenegro, Nicarágua, Nigéria , Niue, Noruega, Palau, Panamá, Portugal, Qatar, São Tomé e Príncipe, Samoa, Arábia Saudita, Senegal, Seychelles, Espanha, Coreia do Sul, Sri Lanka, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Suécia, Gâmbia, Togo, Tonga, Trinidad e Tobago, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Vanuatu.

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