Moradores da fronteira da Finlândia e especialistas em energia estão assustados com o volume queimado
Ao mesmo tempo em que os custos de energia da Europa disparam, a Rússia está queimando grandes quantidades de gás natural de suas reservas, de acordo com a análise compartilhada pela BBC News.
A rede britânica informa que, segundo observadores — entre moradores e técnicos especialistas –, estão sendo queimados cerca de US$ 10 milhões em combustível todos os dias, perto da fronteira com a Finlândia.
O embaixador da Alemanha no Reino Unido disse à BBC News que a Rússia desperdiçando gás “porque não está conseguindo vendê-lo”.
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A análise da Rystad Energy, empresa de pesquisas no setor de energia, indica que cerca de 4,34 milhões de metros cúbicos de gás estão sendo jogados nos queimadores (flares) todos os dias. Ele está vindo de uma nova planta de gás natural liquefeito (GNL) em Portovaya, a noroeste de São Petersburgo.
Os primeiros sinais de que algo estava errado vieram de cidadãos finlandeses que vivem próximos da fronteira, que avistaram uma grande chama no horizonte no início deste verão.
Portovaya está localizada perto de uma estação de compressão no início do gasoduto Nord Stream 1, que transporta gás sob o mar para a Alemanha.
Embora a queima de gás seja comum em plantas de processamento — normalmente feita por razões técnicas ou de segurança — a escala dessa queima surpreendeu os especialistas observadores.
“Nunca vi uma planta de GNL queimar tanto”, disse Jessica McCarty, especialista em dados de satélite da Universidade de Miami, em Ohio.
“A partir de junho, observamos esse pico enorme de queima, e ele não desapareceu. Ficou muito anormalmente alto.”
Miguel Berger, embaixador alemão no Reino Unido, afirmou à BBC News que os esforços europeus para reduzir a dependência do gás russo estão “tendo um forte efeito na economia russa”.
“Eles não têm outros lugares onde possam vender seu gás, então eles têm que queimá-lo”, concluiu.
Mark Davis, CEO da Capterio, empresa envolvida na busca de soluções antipoluição, diz que a queima não é acidental e é mais provável que seja uma decisão deliberada tomada por razões operacionais. “As operadoras muitas vezes hesitam em realmente fechar as instalações, por medo da dificuldade técnica para religá-las. Este, provavelmente, é o caso aqui”, disse ele à BBC News.