GUERRA
Rússia emprega dez vezes mais mercenários na guerra contra a Ucrânia

Rússia emprega 20 vezes mais mercenários na guerra contra a Ucrânia

Inicialmente eram mil soldados; agora já são 20 mil mercenários lutando ao lado da Rússia na Ucrânia

Por: Mario Augusto
Da redação | 22 de dezembro de 2022 - 13:55
Rússia emprega dez vezes mais mercenários na guerra contra a Ucrânia

Os combatentes do Grupo Wagner da Rússia são mercenários. Recebem um salário para lutar na guerra da Ucrânia e defender os interesses do Kremlin. De acordo com informações da inteligência britânica, nos últimos meses o número de mercenários saltou de 1.000 para 20.000 homens nos campos de batalha na Ucrânia, o que indica um aumento crescente da dependência da Rússia em relação à organização paramilitar. Esse número corresponde a 10% do total de forças russas mobilizadas na guerra.

Informações do serviço de inteligência militar ucraniano (GUR) indicam que os soldados do Wagner Group recebem, em média, US$ 5.790 ao mês. Mas a remuneração pode dobrar dependendo do sucesso e do papel da missão e há bonificações adicionais para os mercenários que conseguem matar soldados ucranianos.

Membros do Wagner Group examinam um veículo aéreo não tripulado. (AP Photo/Dmitri Lovetsky)

É com esse contingente que a Rússia se mantém na guerra contra a Ucrânia. O país, liderado por Vladimir Putin, enfrenta dificuldades para recrutar soldados e manter o moral da tropa. Apesar de não haver números precisos, os países ocidentais estimam que a Rússia perdeu dezenas de milhares de soldados nos últimos 10 meses de guerra e o aumento das baixas levou o presidente Vladimir Putin a lançar uma campanha de recrutamento em setembro para aumentar as suas fileiras na guerra.

Mas a estratégia não deu certo. Houve reação negativa da população masculina apta a servir o exército seguida de uma intensa fuga de homens em idade militar para países vizinhos. Por isso, a Rússia se voltou para o grupo Wagner como paliativo para manter a equivalência de suas tropas nas frentes de batalha.

Agora o Grupo Wagner, uma empresa militar privada, exerce um papel bastante ativo e desempenha um papel muito mais importante na guerra na Ucrânia. Assim como seu principal patrocinador, Yevgeny Prigozhin, o homem que já foi conhecido como o chef de Putin. No entanto, Prigozhin enfrenta os mesmos desafios e perdas no campo de batalha que os militares russos em geral, razão pela qual foi obrigado a trocar a “qualidade” da sua tropa de mercenários por “quantidade” para atender à crescente demanda por mais homens.

Recrutamento de prisioneiros

Para repor as perdas no campo de batalha, o Grupo Wagner está recrutando condenados em prisões russas. Autoridades do Reino Unido estimam que 23 mil condenados deixaram as prisões russas entre setembro e outubro deste ano, o que sugere que esse contingente de degredados foi arregimentado para lutar na guerra da Rússia.

Em troca, eles recebem a oferta de um salário e o perdão de suas penas após seis meses de atuação na linha de frente. Embora o grupo paramilitar garanta o pagamento de indenizações às famílias dos mortos em ação, há relatos de que alguns não recebem nada.

É uma mudança crítica na constituição das fileiras do grupo de mercenários. No passado, Wagner recrutava ex-soldados experientes, inclusive da inteligência militar russa, e ex-integrantes de forças especiais de segurança. Mas agora, o grupo está longe de ser uma força de elite.

Ao que tudo indica, Wagner estaria usando um grande número de condenados mal treinados, que considerava dispensáveis, como buchas de canhão. Para especialistas em guerra, esses soldados mal treinados recebem tarefas específicas e limitadas, como assaltar um prédio sem permissão para dispersar as forças inimigas.

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