ECONOMIA

Rússia consegue vender petróleo embargado, numa baía ao sul da Grécia 

Esta é uma das formas que o governo de Putin está usando para contornar as sanções da União Europeia

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 25 de fevereiro de 2023 - 21:55

Para superar as sanções da União Europeia (UE) o governo do presidente Vladimir Putin está vendendo milhões de barris de petróleo, além de carregamentos de gás, numa região situada a apenas alguns quilômetros da costa da Grécia. Os combustíveis são trocados entre navios-tanque, no litoral grego.

Desde o início do ano, pelo menos 23 milhões de barris de petróleo e outros combustíveis vindos da Rússia foram transferidos entre embarcações na Baía de Lakonikos, para atender compradores da Ásia, de acordo com o rastreamento feito pela Agência Bloomberg. As autoridades gregas dizem que seu poder de intervenção é limitado porque a atividade estaria ocorrendo fora do limite de seis milhas das águas territoriais do país na área.

Essa é apenas uma das alternativas que os comerciantes e as companhias de navegação encontraram para contornar os embargos. Houve atividade semelhante perto de Ceuta, um enclave espanhol no norte da África. Uma vasta frota de petroleiros também surgiu para ajudar os russos a contornar as sanções.

A troca de carga no mar – conhecida pelos comerciantes como transferência de navio para navio (STS), requer vários serviços essenciais para ocorrer com tranquilidade. As empresas da União Europeia só estão autorizadas a fornecer esse trabalho se a carga a bordo for comprada pelo preço máximo do G7 ou abaixo dele.

A Grécia é o maior proprietário de petroleiros do mundo e quando a UE estava negociando um teto para os preços do petróleo russo, o país estava entre os que pressionavam por limites mais altos e restrições mais fracas ao transporte.

O que vem preocupando os europeus é que muitas das embarcações envolvidas nesta transferência são bem antigas e ninguém sabe se elas estão seguras para fazer isso e navegar depois. A idade média deles é de 18 anos, mas a ideal é que fosse algo em torno de 12. Outro ponto que chama atenção é que a baia da Grécia onde são feitas as transferências desta carga super poluente abriga um projeto de proteção de tartarugas marinhas, enquanto um estuário próximo fornece alimentação e reprodução para pássaros.

No início deste ano, depois que divulgaram as transferências perto de Ceuta, as autoridades espanholas foram obrigadas a enviar uma carta às empresas locais de transporte marítimo para lembrar do embargo ao petróleo russo mesmo em águas internacionais. Tanto para a Grécia como para a Espanha, a penalidade por descumprimento é leve gerando um incentivo ao comércio ilegal de combustível.

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