Você é uma pessoa matutina ou vespertina? A resposta tem tudo a ver com sua saúde
Todo mundo tem o próprio reloginho quando se trata de refeições no dia a dia. Existem aqueles que acordam morrendo de fome, e outros que desconsideram essa primeira alimentação, tranquilamente. A crononutrição, que estuda os diferentes ritmos biológicos, é a junção das ciências nutrição e cronobiologia. Essa ciência busca explicar o porquê de cada um ter o próprio cronômetro interno para comer.
Muitas pessoas se perguntam o porquê de ter o relógio interno diferente de outras. A resposta é simples: cada um tem o próprio ritmo biológico. Porém, cada refeição é importante, assim como o momento em que é feita. E mudar frequentemente o relógio interno pode causar problemas sérios de saúde.
De acordo com Fatima Fuhro, Presidente da Federação Nacional dos Nutricionistas, o termo crononutrição ainda não é muito conhecido no Brasil. Mas está sendo cada vez mais estudado através da neurociência e neurologia. Resumidamente, as pessoas se encaixam em dois tipos de cronotipo: vespertino e matutino. As vespertinas tendem a manter a rotina alimentar irregular, o que pode causar prejuízos à saúde, como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e obesidade. E as matutinas correm menos riscos de desenvolver transtornos.
O ritmo de cada pessoa é criado de acordo com as respostas fisiológicas do corpo ao longo do dia. Isso ocorre porque o cérebro recebe estímulos diferentes de acordo com o horário. O dia e a noite influenciam na produção dos hormônios cortisol e melatonina, que regulam o metabolismo para manter a pessoa acordada ou dormindo. Isso tudo significa que o relógio interno, nada mais, nada menos, busca ajudar a pessoa a se alimentar corretamente durante o dia para quando chegar o período da noite, o corpo poder dormir e descansar. Dormir tarde, trocar a noite pelo dia, pular refeições, por exemplo, pode afetar drasticamente o chamado “ritmo circadiano”, ou seja, todo esse cronograma biológico.
O “Jetlag social”, que são as mudanças de horário das refeições, de forma frequente, por conta da vida social, afeta mais de 80% da população geral na Europa Central, de acordo com o King’s College, de Londres. Esse problema ocorre também no Brasil, com cada vez mais pessoas correndo contra o tempo.
De acordo com nutricionista Patrícia Davidson, criadora da rede de clínicas de Nutrição Funcional, perguntas sobre os melhores alimentos para ingerir em determinados momentos do dia são as principais dúvidas que ela busca responder, diariamente, nas redes sociais. Além disso, a profissional também percebeu que as pessoas passaram
a se cuidar mais no pós-pandemia. Então, a transmissão de informação pela internet passou a ser um passo fundamental para ela e outros nutricionistas. “As pessoas estão com sede de conhecimento, informações com embasamento científico, e que funcionem de verdade. Hoje em dia, muito se fala sobre emagrecimento, saúde e nutrição, mas poucos são especialistas no assunto. ”, afirma ela.
A nutricionista Paula Uessugue, especialista em nutrição materno-infantil, também diz que receber muitas perguntas pelas redes sociais relacionadas à crononutrição. E percebe que as pessoas são levadas pelas dicas da internet e acabam se alimentando errado. “Procuro desmistificar isso, inclusive. Porque as pessoas quando sabem que o alimento é benéfico, geralmente, não pensam na questão quantidade, nem no melhor horário e maneira de consumi-lo ”, afirma ela.