Na primeira reunião anual do gabinete ministerial, no Kremlin, o presidente Vladimir Putin chamou a atenção do ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov, pelo atraso na produção de aviões militares a serem utilizados na guerra contra a Ucrânia, além de aparelhos para a aviação civil.

“O que você anda fazendo, brincando, perdendo tempo? Quando os contratos serão assinados?”, perguntou o presidente ao ministro, que foi cobrado na presença de seus companheiros de gabinete. “Isso está demorando muito….tempo demais”, completou Putin. Quando o ministro tentou se explicar, foi interrompido várias vezes por Putin, que cobrou a entrega imediata de cerca de 700 aviões e helicópteros.

Em meio à humilhação pública, quando Manturov prometeu resolver o assunto num prazo máximo de três meses, foi bruscamente interrompido por Putin, que disparou: “Não! faça isso em um mês. Você não entende a situação em que nos encontramos? Isso tem que ser feito em um mês, nada além”.

Outro momento tenso da reunião ocorreu quando Putin levantou a questão do reconhecimento da “independência” de novos territórios ocupados na Ucrânia. Naquele momento, o chefe dos serviços de inteligência, Sergei Naryshkin, tentou argumentar, de forma hesitante, se não seria o caso de aguardar mais um tempo para esta decisão, foi interrompido bruscamente pelo presidente, que exigiu uma rápida definição sobre o assunto. Em seguida, Naryshkin manifestou “total apoio” à inclusão de novos territórios ucranianos à Rússia.

Demissão de comandante

A reunião ministerial ocorreu no mesmo dia em que Putin substituiu o comandante das tropas russas na Ucrânia, que estava há apenas 3 meses no cargo. O general Sergei Surovikin havia assumido o posto em Outubro, após uma série de derrotas dos russos na frente oeste, mas falhou em reverter o curso da guerra. Surovikin será substituído pelo general Valery Gerasimov, agora encarregado do que Putin chama de “operação militar especial”, como ele se refere à invasão da Ucrânia.