O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu à proposta dos Estados Unidos para início de conversações destinadas a pôr fim à guerra na Ucrânia e colocou as cartas na mesa: só aceita negociar se, antes, os países da Europa Ocidental e os EUA reconhecerem a anexação dos territórios ucranianos, ocupados desde o início do conflito, como parte da Rússia. Putin disse que está aberto a negociações, mas não aceita a exigência do Ocidente de uma retirada das tropas russas da Ucrânia.

Em seu pronunciamento, Putin mencionou as regiões de Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson – esta última parcialmente recuperada pelos ucranianos – como os “novos territórios” da Rússia, ocupados ao longo do conflito, para os quais ele espera o reconhecimento por parte dos países ocidentais.

Guerra na Ucrânia: sem perspectiva de acordo, após dez meses de conflito (Crédito: AP)

A resposta do dirigente russo foi divulgada poucas horas depois que o presidente Joe Biden declarou que estava pronto para discutir um acordo de paz. Biden fez a declaração durante encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Washington. Ao fazer a proposta, Biden disse acreditar que Putin estaria interessado em encontrar um meio para por fim à guerra. Ele não entrou em detalhes, mas tudo indica que se referia ao fato de que os russos estão batendo em retirada em algumas frentes, além de sofrerem sérias baixas.

Por sua vez, Macron deixou claro que, tanto a França como os Estados Unidos, jamais vão tentar convencer a Ucrânia a aceitar qualquer tipo de acordo que seja contrário aos interesses do país.

Anteriormente, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, já havia se queixado de que os países europeus não ofereceram “nada de concreto” em termos de mediação.

Conversa de 1 hora ao telefone 

O chanceler alemão, Olav Scholz, revelou ter mantido uma conversa de 1 hora pelo telefone com Vladimir Putin. Scholz disse ter sugerido a Putin que busque uma solução diplomática para o conflito, que poderia começar pela retirada das tropas russas da Ucrânia, “o mais cedo possível”. Putin não reagiu bem à sugestão de Scholz e respondeu que a Alemanha “deveria reconsiderar sua abordagem da questão ucraniana”.