GUERRA
Putin, hoje, durante o anúncio de anexação das 4 regiões à Rússia (Foto: pool, via AP)

Rússia declara 4 áreas da Ucrânia como territórios russos

No Conselho de Segurança da ONU, Brasil se abstém e não condena a anexação

Por: Lucas Saba
Da redação | 29 de setembro de 2022 - 21:56
Putin, hoje, durante o anúncio de anexação das 4 regiões à Rússia (Foto: pool, via AP)

O presidente da Rússia Vladimir Putin anunciou na manhã desta sexta-feira (30/09), no Kremlin, a anexação de quatro territórios ocupados desde o início da guerra com a Ucrânia, nas regiões Leste e Sul do país. Ao mencionar a suposta escolha dos residentes nas áreas ocupadas pelas tropas russas, Putin se referia ao referendo iniciado na semana passada, em que as pessoas deveriam votar sobre o futuro desses territórios.

Mas a votação foi cercada de suspeitas, com denúncias de urnas sendo levadas aos moradores por soldados, de porta em porta, ou postos eleitorais onde soldados russos, fortemente armados, vigiavam os eleitores. O referendo foi declarado ilegal pela Organização das Nações Unidas. Sem observadores internacionais, a Rússia anunciou que 99% dos eleitores decidiram pela anexação.

Brasil se abstém no conselho de segurança da ONU Crédito: AP.

O Conselho de Segurança da ONU votou, nesta sexta-feira, uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, que condenava a anexação dos territórios ucranianos pela Rússia. O Brasil se absteve. Apesar dos 10 votos a favor, entre os 15 integrantes do Conselho, a resolução não foi aprovada. A Rússia, um dos cinco membros permanentes que têm poder de veto, considerou o texto “uma ação hostil do Ocidente” e vetou a proposta. Além do Brasil, China, Índia e Gabão também se abstiveram.

Ao tentar justificar a posição do Brasil, o embaixador brasileiro, Ronaldo Costa Filho, disse que o texto ” não favorece as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia”.

A decisão anunciada hoje lembra a anexação da península da Crimeia, em 2014, que também pertencia à Ucrânia e foi tomada à força pela Rússia. Observadores internacionais lembram que as tropas russas não controlam totalmente as áreas anexadas: Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzia.
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Revolta entre soldados russos 

O jornal The New York Times teve acesso a mensagens de soldados russos, bastante insatisfeitos, criticando estratégias de guerra e revelando ordens sanguinárias. “Recebemos uma ordem para matar todos os que vemos” diz um militar em um dos áudios. Em outra mensagem o soldado afirma: “O presidente russo quer tomar de qualquer jeito Kiev, mas não tem como”. Em seguida, o mesmo soldado se queixa de exaustão e o desejo de voltar para casa. A aprovação de Putin caiu pela primeira vez desde o início da guerra, de 83% para 77%, de acordo com a última pesquisa do Centro Independente Levada.

Putin anexará terras ucranianas

Mapa do Instituto de Estudos da Guerra mostra as regiões que serão anexadas pela Rússia.

Em contrapartida a Ucrânia e seus aliados rejeitaram as anexações, comprometendo-se a continuar o fornecimento de armas para Kiev, potencializando sua contraofensiva com o objetivo de retomar os territórios. Putin já se posicionou sobre o assunto: “usar todos os meios à nossa disposição” para defender a Rússia, um sinal de que ele pode usar armas nucleares para proteger as terras anexadas.

Esta semana, Moscou ameaçou cortar a última ligação de fornecimento de gás para a Europa Ocidental antes do inverno. Além da ONU a porta-voz da Comissão Europeia, Dana Spinant também se manifestou. “Estamos prontos para fazer o Kremlin pagar um preço alto por esta nova escalada no conflito.”

Para reforçar o seu exército, Putin convocou na semana passada mais de 300.000 reservistas. As forças ucranianas estão agora se aproximando da cidade estratégica de Lyman, na região oriental de Donetsk, uma das quatro anexadas. Os combates estão em todas as áreas onde a Rússia ocupa.

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Putin, hoje, durante o anúncio de anexação das 4 regiões à Rússia (Foto: pool, via AP)

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