Moscou espera também quebrar a resistência dos países europeus que impuseram sanções à Rússia
Assim como ocorreu com Napoleão Bonaparte, em 1812, e com Adolf Hitler, na Segunda Guerra, o inverno no leste europeu poderá se tornar mais uma vez um aliado decisivo da Rússia, em seus confrontos militares. Agora, a aposta de Vladimir Putin e dos estrategistas do Kremlin se volta para a queda nas temperaturas. Oficialmente, o Inverno no hemisfério norte só começa em 22 de Dezembro. Mas o Outono, que começa em Setembro, já provoca acentuada queda nas temperaturas em toda a Europa, o que se intensifica no final do ano e início do próximo.
Com cerca de 20% do território ucraniano ocupado pelas tropas russas, Putin e seus estrategistas fazem várias apostas ao mesmo tempo: primeiro, de que as atuais tentativas da Ucrânia de lançar uma contraofensiva vão perder o fôlego, nas próximas semanas e tendem a diminuir ainda mais com a chegada do inverno. Além disso, esperam quebrar a resistência dos ucranianos, nas frentes de combate.
Em relação à Europa Ocidental, Putin acredita que, quando o frio aumentar e a população dos países europeus se deparar com a redução no fornecimento de gás e os preços altos, os governos serão pressionados a ampliar o fornecimento e baixar os preços. E então, os russos esperam romper a união entre os países que aprovaram sanções econômicas contra a Rússia, em represália à invasão da Ucrânia.
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As previsões neste sentido não são apenas conjecturas de ideólogos do Kremlin. Analistas da União Europeia temem que, quando a escassez de gás para aquecimento e os altos preços atingirem de forma mais acentuada o bolso dos eleitores dos 27 países do bloco, o apoio aos governos da região comece a desmoronar. E alguns deles poderão aliviar as sanções de olho nos votos.As lições da História
Se tudo isso ocorrer de acordo com as expectativas de Putin e seus aliados, não seria a primeira vez que o Inverno influi nos destinos do país. Os livros de história sempre lembraram que Napoleão invadiu a Rússia no verão de 1812, com quase meio milhão de homens. No inverno, antes de voltar derrotado para Paris, já havia perdido 380 mil, entre mortos e feridos, além de 100 mil feitos prisioneiros.
Por coincidência, a “Operação Barbarossa”, lançada por Adolf Hitler contra a Rússia, em Junho de 1941, também começou no verão e teve seu ponto de virada – a favor dos russos – no inverno. Nesta Operação Hitler mobilizou 4 milhões de soldados, a maior força já reunida numa guerra, mas não adiantou. Analistas militares consideram que a derrota na “Operação Barbarossa” marcou o início do fim do Terceiro Reich.