Presidente russo afirmou que o Ocidente alimentou as fagulhas de uma guerra local, transformando-a em confronto global, em busca de "poder ilimitado"
Ao se dirigir a uma plateia formada por políticos, militares, chefes de espionagem e representantes de empresas estatais, o presidente da Rússia Vladimir Putin acusou os membros da OTAN liderados pelos Estados Unidos de alimentarem a guerra na Ucrânia com o intuito de destruir a sociedade russa.
Em um discurso de quase duas horas, Putin fez um balanço do Estado da Nação e falou longamente sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Lembrou das dezenas de milhares de soldados russos que morreram no conflito e prometeu um fundo especial para as famílias das vítimas.
Vladimir Putin culpou o Ocidente por provocar a guerra e aumentá-la, transformando-a em um conflito de dimensões globais, em busca de “poder ilimitado”.
“O povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que efetivamente ocuparam este país no sentido político, militar e econômico”, afirmou Putin. “Eles pretendem transformar um conflito local em uma fase de confronto global. É exatamente assim que entendemos tudo e vamos reagir de acordo, porque, neste caso, estamos falando da existência do nosso país”, reiterou o líder russo.
O chefe do Kremlin, de 70 anos, disse que “derrotar a Rússia é impossível” e que o país nunca cederá às tentativas ocidentais de dividir sua sociedade. Acrescentou que a maioria dos russos apoia a guerra em alusão a uma pesquisa do Levada Center que indica que cerca de 75% dos russos apoiam as ações russas na Ucrânia, mas muitos diplomatas e analistas duvidam dos números.
Putin terminou a sua fala reforçando a unidade do país. “Somos todos o mesmo país, um povo unido. Estamos confiantes e seguros de nossa força. A verdade está do nosso lado”, afirmou.
Em resposta ao discurso de Putin, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a Rússia “chegou a um beco sem saída”, ao passo que a Casa Branca descreveu o discurso de Putin como um completo “absurdo”.
Ainda nesta terça-feira (21/02), o presidente dos EUA, Joe Biden, fará um discurso na Polônia, descrevendo a guerra como uma luta entre democracia e autocracia, após a visita de alto risco a Kiev na última segunda-feira.