Sem a presença da rainha, movimentos pela independência da Escócia devem voltar a se articular
Seja em Edimburgo, na Escócia, ou em Belfast, na Irlanda do Norte, muitos já se perguntam se o rei Charles conseguirá evitar que os movimentos separatistas retomem as tentativas de dividir o Reino. E poucos duvidam de que a figura de Elizabeth II foi fundamental para evitar as divisões até agora. Basta lembrar que, no referendo sobre a independência, em 2014, 55% dos eleitores decidiram pela permanência dos escoceses como parte do Reino Unido, mas 45% votaram contra ou se abstiveram.
No ano passado, após as eleições regionais em que os defensores da independência fortaleceram suas posições no Parlamento da Escócia, a primeira-ministra Nicola Sturgeon – defensora da separação – prometeu trabalhar pela convocação de um novo referendo. Há até uma data prevista: 19 de Outubro de 2023. A questão que se coloca agora é: sem a presença de Elizabeth II, será que Charles conseguirá convencer a maioria dos escoceses a continuarem fazendo parte do Reino? E na Irlanda do Norte, onde um acordo entre protestantes e católicos – esses últimos defensores da separação – foi alcançado após trinta anos de conflitos e difíceis negociações, em 1998, será que a ausência da rainha não trará de volta a questão?
Em cerimônia na manhã deste sábado, no Palácio de St. James, em Londres, o Conselho de Ascensão fez a proclamação do novo rei como Charles III. Esta é a única ocasião em que esse conselho, formado por 500 personalidades, incluindo parlamentares, ministros e altos funcionários do governo, é convocado. Após o início da sessão, a proclamação foi lida do terraço principal do Palácio por um dos integrantes do Conselho.
Após esta cerimônia, houve uma salva de 41 tiros de canhão no Hyde Park e de 62 tiros na Torre de Londres. Também estão previstas cerimônias na Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Em todos esses locais, será entoado o hino “God Save the King” (Deus salve o rei, substituindo o anterior Deus salve a rainha).
Para este sábado, também está previsto um encontro do rei com os integrantes do gabinete, acompanhados pela primeira-ministra Liz Truss. Na sequência, os membros do parlamento farão um juramento de obediência ao rei.
No domingo, o caixão da rainha será transportado do Castelo de Balmoral, para o Palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, de onde será levado para Londres, na terça-feira. Em seguida, o texto da proclamação de Charles como rei será lido nos parlamentos de Edimburgo, Escócia; Cardiff, País de Gales; e Belfast, Irlanda do Norte, as outras capitais do Reino Unido.
Para segunda-feira, estão previstas apenas duas cerimônias. Os membros da família real vão acompanhar um serviço religioso, na Catedral de St. Giles, em Londres. E as câmaras dos Comuns e dos Lords farão sessão conjunta para leitura de uma moção de condolências. Diversas outras cerimônias serão realizadas ao longo da próxima semana, até o dia 19, data prevista para o sepultamento.