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Princesa expulsa de Villa romana, uma das propriedades mais caras do mundo

A briga pela herança do seu segundo marido terminou a favor dos filhos do príncipe, que rejeitavam a madrasta

Por: Carlos Taquari
Da redação | 21 de abril de 2023 - 15:10
Associated Press

Depois de uma batalha judicial que se prolongou por cinco anos, a princesa Rita Jenrette Boncompagni Ludovisi foi expulsa da Villa Ludovisi, um palacete  situado junto à Via Veneto, um dos endereços mais sofisticados de Roma. Construída no do século XVI, a Villa pertencia, desde os primeiros anos de 1.600, já no XVII, à  aristocrática família Ludovisi que teve entre seus integrantes o papa Gregório XIII, o criador do Calendário Gregoriano (1582).

Avaliada em 471 milhões de euros (cerca de 2 bilhões e 800 milhões de reais), a Villa Ludovisi, ou Villa Aurora, é mais conhecida por abrigar um mural de Caravaggio, o único trabalho desse tipo deixado pelo artista. Levada a leilão, no ano passado, não surgiram interessados.

A disputa pela propriedade teve início após a morte do príncipe Nicolo Bouncompagni Ludovisi, que faleceu em 2018. De um lado estavam os filhos do primeiro casamento do príncipe e, do outro, Rita Jenrette, a terceira mulher dele, com quem se casou em 2009.

A viúva deixou a propriedade depois que os Carabinieri chegaram ao local para fazer cumprir o mandado judicial. O momento da saída foi tenso. Ela estava profundamente irritada e ficou mais ainda quando um de seus quatro cachorros escapou da coleira e saiu correndo, enquanto ela tentava entrar num táxi. O cachorro acabou sendo resgatado por um dos Carabinieri.

Numa rápida conversa com os jornalistas, enquanto os cachorros latiam insistentemente, ela se limitou a declarar: “Me sinto como se estivesse num filme surrealista. Morei aqui por 20 anos. Sempre adorei esse lugar”. Apesar da insistência dos repórteres, ela se recusou a revelar qual era seu destino.

A princesa Rita e o príncipe Nicolo, no dia do casamento, em 2009. (Foto: Wikimedia Commons)

Briga em família 

Os filhos do primeiro casamento de Nicolo Buoncompagni Ludovisi nunca se conformaram com a presença de Rita, a quem se referiam como “aquela mulher”. Ela conheceu o príncipe, numa de suas viagens pela Europa, em 2003, quando ele ainda estava casado com a segunda esposa, Ludmilla Boncompagni Ludovisi. Nascida no Texas, Rita havia se casado, anteriormente, com o deputado republicano, John Jenrette Jr., representante da Carolina do Sul, no Congresso, em Washington. O casal se divorciou, em 1981, depois que ele foi acusado de receber propinas e após a publicação de uma entrevista dela à Playboy, quando ela foi capa da revista.

Os filhos do príncipe também não se davam com o pai, a quem acusavam de dilapidar a fortuna da família. Segundo eles, o avô havia deixado a Villa como herança para eles e o pai teria ignorado o testamento. Um dos herdeiros, o príncipe Bante Buoncompagni Ludovisi, acompanhou a ordem de despejo e procurou manter distância da viúva.

O processo ficou parado na Justiça durante quatro anos até que, em Janeiro, a juíza Miriam Iapelli emitiu a ordem de despejo, acusando a princesa de violar um acordo que proibia visitas guiadas de turistas à propriedade. Na época, ela alegou que as visitas eram necessárias para levantar dinheiro destinado à manutenção da Villa. A juíza também havia acusado a princesa de falhar no compromisso de manter a propriedade em bom estado de conservação, depois que um muro externo desabou.

Estimativas iniciais indicam que seriam necessários pelo menos 11 milhões de euros (mais de 60 millhões de reais) para fazer apenas os reparos mais urgentes na propriedade. Ainda não ficou claro se os herdeiros dispõem dessa quantia, uma vez que, segundo eles próprios, o pai havia dilapidado a fortuna.

Rita, em Roma, quando quando já namorava o príncipe, em 2007. (Foto: Arquivo pessoal)

Caravaggio

O mural pintado por Caravaggio, com 2,75 metros, fica no teto de uma sala, segundo andar do palácio. Encomendada ao pintor, em 1597, a obra é um conjunto de imagens de Júpiter, Plutão e Netuno, único mural pintado pelo artista que, na época, ainda era um jovem pintor pouco conhecido.

O valor da propriedade se deve, principalmente, à obra rara em seu interior, além da localização privilegiada.

Ao deixar o local pela última vez, a princesa declarou: “Eu amo a Itália. Lamento que essa história tenha terminado de maneira tão brutal. Sempre tentei manter a propriedade de forma adequada”.

A princesa promete publicar, ainda neste ano, um livro em que conta parte de sua história e da Villa Ludovisi. “Será dedicado a meu marido, Nicolo”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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