INTERNACIONAL
Primeira-ministra da Nova Zelândia diz estar "esgotada" e pede demissão

Primeira-ministra da Nova Zelândia diz estar “esgotada” e pede demissão

Jacinda Ardern disse que não está saindo porque o trabalho é difícil, mas porque acredita que outros podem fazer um trabalho melhor

Por: Mario Augusto
Da redação | 19 de janeiro de 2023 - 10:20
Primeira-ministra da Nova Zelândia diz estar "esgotada" e pede demissão

Jacinda Ardern deixará o governo da Nova Zelândia nos próximos dias. O comunicado surpreendente foi feito nesta quinta-feira (19/01) nove meses antes da eleição geral em que o Partido Trabalhista aparece em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto. “Estaria prestando um péssimo serviço à Nova Zelândia se continuasse”, disse ela à imprensa, ao alegar esgotamento.

Ardern disse que não tem mais energia para liderar o país, mas ficou com a voz embargada ao responder a uma pergunta dos jornalistas sobre como seis anos desafiadores no cargo cobraram este preço. Ele permanecerá no cargo até 7 de fevereiro. No domingo o Partido Trabalhista fará uma votação para escolher um novo líder que substituirá Jacinda Ardern no comando do governo até o final do mandato.

Primeira-ministra da Nova Zelândia diz estar "esgotada" e pede demissão

Jacinda Ardern foi mãe enquanto ocupou o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia e era considerada uma estrela política em todo o mundo. (Reprodução/Twitter)

Ardern, tem 42 anos e tornou-se a chefe de governo mais jovem do mundo ao ser eleita primeira-ministra em 2017, aos 37 anos. No ano seguinte, foi a segunda líder mundial eleita a dar à luz durante o mandato, depois da paquistanesa Benazir Bhutto, em 1990.

A primeira-ministra conduziu a Nova Zelândia durante a pandemia de Covid-19 e a recessão que se seguiu. Teve atuação firme nos tiroteios na mesquita de Christchurch, em março de 2019, em que um terrorista de extrema-direita matou 51 pessoas, e a erupção vulcânica da Ilha Branca. Ardern listou conquistas de seu governo na área de mudanças climáticas, habitação social e redução da pobreza infantil.

Repercussão da renúncia

O líder do Partido Trabalhista, Chris Luxon, agradeceu à premiê pelos relevantes serviços prestados à Nova Zelândia.
“Ela deu tudo de si para este trabalho incrivelmente exigente”, escreveu no Twitter.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, dise que Ardern é uma líder de intelecto, força e empatia.
“Jacinda tem sido uma defensora feroz da Nova Zelândia, uma inspiração para muitos e uma grande amiga para mim”, escreveu.

O colega canadense, Justin Trudeau, afirmou que Ardern fez uma diferença imensurável para o mundo. Mas, apesar da excelente reputação internacional, a primeira-ministra da Nova Zelândia não apresentava bons índices de aprovação popular no país. As últimas pesquisas revelaram o nível mais baixo de popularidade pessoal desde o início de seu governo.

Ardern dizia que a sua popularidade em declínio era o preço que seu governo pagava por manter as pessoas protegidas da Covid-19. Mas ela teve de enfrentar também uma crise de custo de vida, aumento da criminalidade no país e acúmulo de promessas eleitorais adiadas durante a pandemia.

Mas durante o anúncio de sua saída, Ardern destacou que não estava renunciando porque ela e o partido eram impopulares. “Não estou saindo porque acredito que não podemos vencer a eleição, mas porque acredito que podemos e iremos, e precisamos de um novo par de ombros para esse desafio.”

Uma ofensa de R$ 63 mil no parlamento da Nova Zelândia

Jacinda Ardern e David Seymour, ofensa que virou filantropia. (Reprodução/Twitter)

Ofensa no Parlamento

Em dezembro do ano passado Jacinda Ardern se envolveu em uma polêmica no Parlamento neozelandês ao chamar o líder da oposição, David Seymour, de idiota. Após uma discussão acalorada na tribuna, a primeira-ministra soltou o xingamento reservadamente, porém o microfone dela ainda estava ligado e captou em alto e bom som quando ela disse: “Esse idiota arrogante”.

Mais tarde, Jacinda Ardern pediu desculpou a David Seymour pelo comentário e foi surpreendida com uma proposta inusitada. “Vamos unir forças para arrecadar dinheiro para a Fundação de Câncer de Próstata da Nova Zelândia?”, propôs o político ofendido. Arden concordou e os dois assinaram uma cópia da transcrição da ofensa que foi leiloada na internet e arrecadou US$ 63.200.

Ardern finalizou o anúncio afirmando que quer ser lembrada “como alguém que sempre tentou ser gentil”. “Espero deixar os neozelandeses com a crença de que você pode ser gentil, mas forte; empático, mas decisivo; otimista, mas focado. E que você pode ser seu próprio tipo de líder – alguém que sabe quando é hora de partir”, disse ela.

Fora do cargo, Jacinda Ardern disse que vai se dedicar à família. Quer acompanhar a filha Neve quando ela for para a escola este ano e que pretende se casar com o seu companheiro de longa data, Clarke Gayford.

Leia também:
Inteligência artificial pode levar à extinção da humanidade, alertam especialistas
Israel anuncia tratamento revolucionário contra o câncer
Primeira-ministra da Nova Zelândia diz estar "esgotada" e pede demissão

+ DESTAQUES