O deputado republicano, George Santos, filho de imigrantes brasileiros, e alvo de várias denúncias desistiu de participar nos dois comitês da Câmara para os quais foi recentemente designado, até que as investigações sobre a sua conduta terminem. Ele foi nomeado no início deste mês para cargos no Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da Câmara e no Comitê de Pequenas Empresas.

A assessoria de Santos, ao anunciar a retirada, temporária, dos comitês, informou que ele espera ser inocentado sobre todas as suspeitas sobre a sua campanha e suas finanças pessoais. Mas o deputado insistiu que a decisão não significa que ele esteja pensando em renunciar ao cargo. “Não, não estou considerando renunciar e vou cumprir o meu mandato de dois anos”, disse enquanto voltava correndo para seu escritório, evitando responder à multidão de repórteres que o bombardeiam com perguntas sobre as mentiras que contou em seu currículo e ao longo da campanha.

Este é o primeiro recuo de Santos desde que surgiu o escândalo envolvendo o seu nome. Ele admitiu ter inventado detalhes importantes sobre a sua biografia. O partido republicado nega que tenha feito pressão para ele deixar os dois comitês e que a decisão foi tomada voluntariamente.

O parlamentar, que tem apenas 34 anos, vem enfrentando uma análise rigorosa de sua trajetória, depois de vencer a disputa para o Congresso. Uma investigação detalhada e do jornal americano New York Times vem questionando muitas informações sobre a vida pessoal, profissional e sobre os recursos utilizados na campanha de Santos.

A maior dor de cabeça que ele vai ter vem das contas de campanha. Com um histórico de dificuldades financeiras e processos de despejo, o parlamentar declarou aos registros oficiais ter investido 700 mil dólares (3.552 milhões de reais) em sua eleição. Uma acusação apresentada ao Comitê Federal Eleitoral (FEC), que monitora gastos de campanha, afirma que ele ocultou os verdadeiros doadores e usou os fundos para pagar despesas pessoais, o que é irregular.

“Um psicopata”, diz ex-namorado

Outro fato impressionante nesta história foram as declarações de um ex-namorado do deputado, Pedro Vilarva, que ficou chocado e surpreso com tudo o que está acontecendo. “Ele nunca mostrou que era o mentiroso psicopata que está mostrando ser agora”, disse.

Pedro disse que o deputado se apresentou como Anthony Devolder, em 2014. Nessa época, ele tinha 18 anos e Santos tinha 26. “Ele era tão doce, tão carinhoso no começo”, completou. Depois o ex-companheiro descobriu que o deputado ainda estava casado com uma mulher durante o relacionamento, emitiu uma passagem para o Havaí que nunca existiu, roubou o seu celular para vender e ainda disse que a sua mãe morreu no 11 de setembro enquanto documentos provam que ela estava no Brasil no momento da tragédia.

A foto da reportagem é da AP.