Por Tyler Cowen*,
Da Bloomberg
Uma revolução da inteligência artificial (IA) está chegando, mas ninguém parece perceber o quão profundamente isso mudará a nossa vida cotidiana. A IA está prestes a revolucionar toda a nossa arquitetura de informações. E em pouquíssimo tempo você terá que aprender a usar a internet novamente.
A arquitetura básica da internet não mudou muito para os consumidores nos últimos 10 anos. Facebook, Google e Twitter permanecem em versões não muito diferentes de suas irmãs anteriores. O navegador mantém sua função central. O vídeo aumentou em importância, mas isso dificilmente representa uma grande mudança na forma como as coisas funcionam.
Novas emoções diante da tela: Inteligência Artificial será responsável por uma nova experiência do usuário(Foto: Pexels)
Informações personalizadas
Mas a grande mudança está chegando. Considere o Twitter, que é usado todos os dias para reunir informações sobre o mundo. Daqui a menos de dois anos, talvez você fale no seu computador, descreva seus tópicos de interesse, e a versão de IA lhe devolva um relatório em um formato legível e adaptado às suas necessidades.
A IA também será não apenas responsiva, mas ativa. Talvez ela diga: “Hoje você realmente precisa ler sobre a Rússia e as mudanças no governo do Reino Unido”. Ou poderá recomendar: “Mais serenidade hoje, por favor”, com base no stress percebido no dia anterior.
Eu também poderia perguntar: “O que meus amigos estão fazendo?” e eu receberia um resumo útil de serviços da web e de mídia social de cada um deles. Ou eu poderia pedir à IA conteúdo em vários idiomas estrangeiros, todos impecavelmente traduzidos.
Muitas vezes você não usará o Google, apenas fará sua pergunta à IA e receberá uma resposta, em forma de áudio, para ouvir em seu trajeto, se quiser. Se seus amigos estiverem especialmente interessados em alguns videoclipes ou trechos de notícias, é mais provável que eles sejam enviados a você.
Em suma, muitos dos atuais serviços principais da internet serão intermediados e coordenados pela IA. Isso criará um tipo fundamentalmente novo de experiência do usuário.
Ação proativa: até recomendações da IA sobre como você deve se comportar em determinado dia (Foto: Pexels)
De cabeça pra baixo
O mundo das ideias será virado de cabeça para baixo. Muitos intelectuais públicos se destacam em se promover no Twitter e em outras mídias sociais, e essas oportunidades podem diminuir. Haverá uma nova habilidade — promover-se à IA — de natureza ainda desconhecida.
Resta saber como as IAs escolherão e creditarão o conteúdo subjacente e quais tipos de pacotes os usuários preferirão (com ou sem fotos do autor?).
Competição entre IA’s
E quanto à competição dentro da própria IA? É mais provável que uma IA dominante cite fontes subjacentes, para garantir que a geração de conteúdo continue e preservar um ecossistema de informações saudável para ser coletado.
Em um setor de IA mais competitivo, por outro lado, existe o perigo de canibalizar o conteúdo, mas não atualizá-lo com o devido crédito, pois um problema de carona pode surgir.
Outra questão é quem colherá os benefícios dessas inovações – as novas empresas de IA, as antigas grandes empresas de tecnologia ou os usuários da internet? É muito cedo para saber, mas alguns analistas estão otimistas com a maior competitividade entre as várias (muitas novas) empresas de IA.
Claro que tudo isso é apenas questão de opinião. Se você discordar, em alguns anos poderá perguntar aos novos mecanismos de Inteligência Artificial o que eles pensam a respeito.
*Tyler Cowen e professor de economia na George Mason University