Pesquisa descarta conspiração e aponta que responsáveis querem ser aceitos em seu círculo social
Ao contrário do que sustentam algumas teorias, a divulgação de notícias falsas, na maioria dos casos, não está relacionada com conspiração, movimentos organizados ou dinheiro envolvido. É muito mais simples do que isso: as pessoas que fazem isso pretendem, apenas, ficar bem com amigos e parentes e serem aceitas em seus círculos sociais.
Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), após o exame de tweets de mais de 50 mil norte-americanos. “Se alguém da sua tribo online está compartilhando notícias falsas, você se sente pressionado a compartilhá-las também, mesmo que não saiba se é falso ou verdadeiro”, explica Matthew Asher Lawson, um dos principais autores do estudo.
Os pesquisadores relataram que este fenômeno acontece independente da posição política, tanto entre conservadores como entre os liberais norte-americanos. Entretanto, a porcentagem de pessoas do país que compartilham estas notícias representam uma pequena minoria. De acordo com o estudo, apenas 1% do público é responsável por espalhar 80% da desinformação online.
Consequências
Mas se são tão poucas pessoas e não existe na maioria dos casos um “objetivo obscuro” ou intenções maliciosas por trás das fake news, por que os analistas se preocupam tanto com o seu crescimento? De acordo com a pesquisa, as notícias falsas tem intensificado as divisões e a desconfiança presente na política norte-americana.
Além disso, as fake news foram responsáveis pelo agravamento da pandemia de covid-19 em todo o mundo. A desinformação levou muitas pessoas a não se vacinarem, ou ignorarem as medidas sanitárias impostas pelos governos locais. “Informações falsas estão impedindo uma resposta adequada à pandemia, portanto, devemos unir forças para combatê-las e disseminar aconselhamentos sobre saúde pública baseados na ciência” afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus na 75ª Assembleia Geral da ONU.
No Brasil
As consequências negativas da divulgação das informações falsas não são observadas apenas nos Estados Unidos. No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral intensificou as ações contra a desinformação no ano passado, durante as eleições.
De acordo com o levantamento da organização Poynter Institute, quatro em cada 10 brasileiros afirmam receber notícias falsas todos os dias e 65% afirmam se preocupar em cair em fake news ou que seus parentes caiam.