Pacientes reinfectados têm duas vezes mais risco de morte e três vezes mais de hospitalização em relação aos que se infectaram uma só vez
Num momento em que um novo surto de infecção pela Covid parece se instalar em muitos países, inclusive no Brasil, uma Pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, mostra que o risco de morte, hospitalização e problemas graves de saúde por Covid-19 aumenta significativamente na reinfecção dos pacientes, em comparação com um primeiro ataque do vírus. O risco aumenta independentemente de se a pessoa está vacinada ou não.
O estudo analisou dados clínicos de quase 6 milhões de pessoas, fornecidos pelo Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos (DAV), entre 1º de março de 2020 e 6 de abril de 2022. A maioria dos participantes do estudo era do sexo masculino e de idade mais avançada.
De acordo com os resultados, os pacientes que pegaram Covid-19 mais de uma vez tiveram um risco duas vezes maior de morte e um risco mais que o triplo de hospitalização em comparação com aqueles que haviam sido infectados apenas uma vez.
“Mesmo que alguém tenha tido uma infecção anterior e tenha sido vacinado — o que significa que eles tiveram imunidade dupla da infecção anterior mais vacinas – eles ainda são suscetíveis a resultados adversos após a reinfecção”, alertou o Dr. Ziyad Al-Aly, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, e líder do estudo.
As pessoas com infecções repetidas foram três vezes mais propensas a desenvolver problemas pulmonares, três vezes mais propensas a sofrer problemas cardíacos e 60% mais propensas a apresentar distúrbios neurológicos do que os pacientes que foram infectados apenas uma vez.
Os pesquisadores descobriram que os riscos mais altos se concentraram no primeiro mês após a reinfecção, mas ainda eram evidentes até seis meses depois.
Todavia, especialistas não envolvidos com o estudo da Escola de Medicina da Universidade de Washington disseram que a população analisada no estudo não reflete a condição da população geral dos Estados Unidos.
Eles alegam que os pacientes do DAV (veteranos de guerra) são geralmente pessoas mais velhas e mais doentes, um grupo que, normalmente, teria mais complicações de saúde do que a população em geral.
O estudo mostrou que, entre os pacientes analisados, os riscos cumulativos e a carga de infecções repetidas aumentaram significativamente com o número de infecções, mesmo depois de contabilizar as diferenças nas variantes de Covid-19, como Delta, Omicron e BA.5.
A boa notícia é que quanto mais protegidas as pessoas estiverem, o que inclui a vacinação e a adoção de medidas profiláticas e o uso de máscara, “provavelmente o risco de desenvolver algumas das complicações será menor ao longo do tempo”, defende a epidemiologista Celine Gounder, professora de medicina e doenças infecciosas na NYU Grossman School of Medicine.
O artigo científico com os dados completos do estudo intitulado “Sequelas agudas e pós-agudas associadas à reinfecção por SARS-CoV-2” foi publicado na revista Nature Medicine.