Declaração polêmica foi mal vista pela oposição, pois número de mortes pela doença continua alto
Em entrevista a uma emissora de televisão, o presidente norte-americano Joe Biden declarou que a pandemia de Covid-19 já chegou ao fim nos Estados Unidos. “Ainda estamos trabalhando muito nisso. Mas a pandemia acabou”, disse Biden.
A fala de Biden soou como contraditória e gerou críticas da oposição do Partido Republicano, uma vez que o número de mortes pelo novo coronavírus continua fazendo muitas vítimas nos Estados Unidos. Mais de 400 americanos ainda morrem, em média, todos os dias de Covid-19.
Mas Tedros Adhanom reforçou a necessidade de manutenção de medidas de controle, como investimento em vacina para 100% dos grupos de risco, incluindo trabalhadores da saúde e idosos para manter a taxa de imunização em 70%.
Outra medida recomendada aos países pelo chefe da OMS é o investimento contínuo em testagem e sequenciamento genético do vírus SARS-COV-2 e variantes, além de integrar a vigilância e os serviços de testagem para outras doenças respiratórias, como a influenza.
“Já conseguimos ver a linha de chegada. Estamos em posição de vencer. Mas agora é o pior momento para se parar de correr. É o momento de correr mais rápido, de garantir que cruzaremos a linha de chegada e colheremos os frutos de todo o nosso trabalho árduo”, avaliou Tedros.
Durante a polêmica entrevista, Biden disse que a situação está melhorando rapidamente nos Estados Unidos, embora muito trabalho esteja sendo feito para controlar o vírus. Parte da entrevista, exibida pela CBS, foi gravada no salão do Detroit Auto Show no dia 17 de setembro, onde Biden citou a multidão.
“Se você notar, ninguém está usando máscaras. Todo mundo parece estar em boa forma. Acho que está mudando”, destacou Biden.
Até o momento, mais de um milhão de americanos morreram de Covid-19. De acordo com a Universidade Johns Hopkins a média de mortes nos últimos sete dias passa de 400, com mais de 3 mil mortos apenas na semana passada.
No auge da pandemia, em janeiro de 2021, em uma única semana, mais de 23 mil pessoas morreram com o novo coronavírus. Mais de 6,5 milhões de pessoas morreram desde o início da pandemia em todo o mundo. Os EUA têm o maior número de mortos, seguidos pela Índia e pelo Brasil.
Dados recentes indicam que a cobertura vacinal entre a população americana é de 65% — menor do que no Brasil, onde o índice passa de 80%.
As autoridades de saúde pública preferem adotar o tom de otimismo cauteloso, pois apesar dos sinais de uma recuperação pandêmica, recomendam que as pessoas mantenham os cuidados básicos de prevenção.
Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, reconheceu que a situação havia melhorado, mas ressaltou que a taxa diária de mortalidade permanece “inaceitavelmente alta”. “Não estamos onde precisamos estar se quisermos ‘viver com o vírus'”, disse Fauci.
Outro risco iminente, segundo Fauci, é que novas variantes da Covid-19 podem surgir, especialmente durante o inverno que se aproxima.
Apesar de controversia, a declaração do presidente Biden não resultou em nenhuma mudança na política de saúde dos Estados Unidos e nem há sinalização para que o país suspenda o estado de emergência de saúde pública para Covid-19 ainda em vigor.