Adultos com mais de 80 anos possuem memória igual à de pessoas na faixa de 30 a 40 anos
Cinco universidades dos Estados Unidos criaram centros de estudos dedicados ao fenômeno dos idosos com mais de 80 anos que possuem habilidades e memória fora do comum para essa faixa etária. São elas: Michigan, Emory, Wisconsin, Western e Northwestern.
Em todas elas, o tema é objeto de pesquisas nos “SuperAging Programs”, voltados para a busca de soluções para males como o Alzheimer e outras doenças que afetam a memória e a capacidade cognitiva dos pacientes.
O foco principal dos estudos é como o cérebro coordena as funções mentais e como, ao longo do tempo, há uma perda dessa função para a maioria das pessoas, enquanto outras conseguem preservar. Ao estudarem os idosos que permanecem ativos e com a memória perfeita, os pesquisadores procuram identificar traços que eles possuem e que faltam aos pacientes de doenças como o Alzheimer.
O “SuperAging Program” procura identificar os fatores positivos que contribuem para preservar a memória de alguns idosos, como os traços genéticos, estilo de vida e até a composição do cérebro.
Os participantes do estudo – todos voluntários – são submetidos a testes de memória e outras habilidades mentais. Além da coleta de sangue, os pesquisadores também trabalham com imagens de ressonância magnética do cérebro.
Entre outros fatores, os pesquisadores descobriram que os cérebros dos Superidosos possuem características semelhantes às encontradas em chimpanzés, elefantes, baleias e golfinhos. Determinadas formações de neurônios estão relacionadas com as conexões cerebrais, permitindo vantagens intuitivas e no trato social. Para participar do programa de estudos dos Superidosos, a pessoa precisa ter mais de 80 anos e passar por uma série de testes cognitivos.
“Os Superidosos possuem uma memória excepcional e são capazes de recordar não apenas acontecimentos do dia a dia, mas também experiências do passado, além de uma performance acima da média em testes de cognição”, explica a neurocientista Emily Rogalski, professora de Psiquiatria e Ciências do Comportamento, na Feinberg School Of Medicine, da Northwestern University. Na maioria das pessoas, o cérebro encolhe quando envelhecem. Nos Superidosos, o córtex, responsável pelo raciocínio, a tomada de decisões e a memória se mantém praticamente inalterado ou diminui de forma mais lenta do que em pessoas na faixa de 50 a 60 anos.
Os Superidosos possuem traços semelhantes. Estão sempre dispostos a exercer algum tipo de atividade e revelam uma atitude positiva diante da vida. Exercitam o cérebro diariamente, lendo ou aprendendo algo novo. Muitos continuam trabalhando, depois dos 80 anos, ainda que seja algum tipo de trabalho voluntário.
Aos 88 anos, Larry Seiger, de Indiana, é um dos Superidosos, incluído no programa de estudos da Northwestern University. Ele conta que está sempre disposto para andar com seu cachorro, fazer palavras cruzadas e participar dos testes do programa da universidade.
Além de fazer parte do programa de estudos, Seiger trabalha como voluntário num hospital local, fazendo companhia a idosos, a maioria na ala de pacientes com Alzheimer.
“Tudo que eu puder fazer pelos outros eu farei. Estou satisfeito por estar com saúde, nesta idade. E espero estar por aqui por um longo tempo”, diz Seiger.
Interessados em saber mais sobre o programa de estudos com os Superidosos podem entrar neste endereço: agingresearch@northwestern.edu