ECONOMIA

Opep decide cortar produção e preço petróleo sobe

Decisão da organização cria nova pressão para os países importadores

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 5 de setembro de 2022 - 21:56

Decisão da Opep desafia presidente Joe Biden. Foto de Loïc Manegarium / Pexels

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP –  anunciou um corte no fornecimento de petróleo para outubro, num movimento surpreendente que mostra que a aliança está buscando manter os preços do produto em níveis altos e assegurar seus lucros.

O grupo reduzirá a produção em 100 mil barris por dia no próximo mês, levando aos níveis de agosto. A próxima reunião da Opep está marcada para o dia 5 de outubro. Essa decisão reverte o aumento de setembro que foi feito em resposta aos insistentes pedidos do presidente dos EUA, Joe Biden, para ajudar a reduzir os preços do petróleo. Essa atitude da organização é preocupante para as nações consumidoras do hemisfério norte, à medida que lidam com o aperto inflacionário com o  petróleo bruto a 95 dólares o barril e a perspectiva de uma crise de energia no inverno . Inúmeros países vão enfrentar dificuldades, já que a Rússia cortou o fornecimento e decidiu que só entregará o produto para quem aceitar os preços exigidos pelo país.

Embora o corte “seja desprezível em termos de volume, é um sinal claro de que a Opep está decidida a manter o controle dos preços”, disse Bill Farren-Price, chefe de pesquisa macro de petróleo e gás da Enverus.

O ministro de Energia, da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz Bin Salman, disse há algumas semanas que a aliança da Opep “acabou de restaurar a produção interrompida durante a pandemia de 2020” e agora está considerando cortes como forma de estabilizar a volatilidade excessiva nos mercados globais.

Os contratos futuros do petróleo haviam perdido 20% nos últimos três meses por temores de uma desaceleração econômica global, colocando em risco a receita inesperada que os sauditas e seus parceiros desfrutam este ano. A China, o maior importador de petróleo, exibiu sinais de desaceleração econômica “alarmante”, com o consumo aparente caindo 9,7% em julho, em meio à atividade comercial mais fraca e severas restrições à Covid-19. Enquanto isso, os EUA contornaram a recessão e adotaram uma política monetária mais rígida.

Leia também:
■ Ozzy Osbourne: “não quero morrer na América louca”
■ Alemanha anuncia pacote para conter preços de energia

O novo corte de produção sugere que “há um desejo de defender os preços do petróleo para ficarem acima do nível de 90 dólares o barril”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS Group.

A última decisão da organização colidiu um pouco com a própria perspectiva da aliança. A análise de um comitê da Opep que se reuniu recentemente mostrou que a demanda global será maior do que a oferta no quarto trimestre, fazendo com que os estoques reduzam a uma taxa de 300 mil barris por dia.

+ DESTAQUES