Milicianos defensores do regime dos aiatolás se juntam à polícia na repressão
Milhares de manifestantes foram para as ruas das principais cidades do Irã em protesto pelos 40 dias da morte da jovem de 22 anos, Mahsa Amini. Este é considerado um dos maiores protestos que ocorreram pelo assassinato de Amini. Os 40 dias da morte de uma pessoa é um momento religioso e culturalmente significativo no Irã.
Mahsa Amini morreu sob custódia policial em 16 de setembro, por supostamente usar seu hijab (véu) de forma inadequada. As mulheres têm sido as principais protagonistas dos protestos, em que muitas retiram seus hijabs.
Em Teerã, na capital, a polícia tentou dispersar os manifestantes com gás lacrimogênio. De acordo com Organização Hengaw para os Direitos Humanos, uma pessoa foi morta a tiros ontem à noite e outra nesta quinta-feira (27).
Na manhã desta quinta-feira, a cidade natal de Amini, Saqqez, ainda apresentava aglomeração de pessoas e na cidade no noroeste do país, Mahabad, de maioria curda, as pessoas estão se reunindo e protestando em frente aos prédios do governo.
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Em alguns vídeos compartilhados online, os manifestantes gritam “Curdistão, Curdistão, o cemitério dos fascistas” e “Morte ao ditador”. Também houve relatos de uma delegacia de polícia sendo sitiada.
Apesar da escalada da violência por parte das forças de segurança e do número crescente de mortos entre os manifestantes, a situação pode piorar, segundo os analistas políticos. Atualmente, apenas a milícia voluntária do IRGC (Corporação de Política Revolucionária Islâmica), a Basij (milícia de jovens em favor do regime), foi mobilizada em números significativos para reprimir as manifestações, juntamente com a polícia regular, a tropa de choque e policiais à paisana.
De acordo com o jornal The Washington Post, a violência pode se intensificar se as autoridades do Irã liberarem a intervenção do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, uma força militar paralela criada para defender o Estado a qualquer custo, mais violenta que todas as outras.
Calcula-se que mais de cerca de 200 manifestantes já foram mortos e outros milhares ficaram feridos e foram presos durante a repressão por parte do governo. Mais de 30 membros das forças de segurança morreram nos protestos, incluindo 18 membros do Basij e seis membros da Guarda Revolucionária de acordo com relatório do “Arab Gulf States Institute in Washington“.
Entretanto, para o membro sênior da organização, Ali Alfoneh, este número pode ser ainda maior, devido às restrições de relatórios e os cortes na comunicação com o país iraniano.