Simpatizantes de Putin, elas utilizam as redes sociais para espalhar notícias e fake news em defesa do governo
A explosão de um carro-bomba em Moscou, que resultou na morte de Darya Dugina, de 29 anos, filha de um fiel aliado de Vladimir Putin, chamou a atenção para a rede de contrainformação do Kremlin, comandada por mulheres. O grupo opera uma rede voltada para disseminar desinformação sobre a guerra na Ucrânia, além de passar uma visão de mundo pró-Moscou aos leitores das redes sociais e telespectadores da Rússia e países vizinhos.
Uma das principais integrantes do grupo é Maria Katasonova, que desempenha um papel importante em sites e aparições na televisão, sempre defendendo a invasão da Ucrânia pela Rússia. Ativista e influenciadora digital, ela criou um movimento online “Mulheres por Marina”, em apoio Marine Le Pen, líder da extrema-direita na França. As duas se encontraram, em 2017, durante a visita de Le Pen a Moscou.
A jornalista Margarita Simonyan é outra que desenvolve intensa atividade nas redes, com o mesmo objetivo. Darya Dugina fazia parte do grupo, até ser morta no atentado à bomba, na semana passada.
Maria lidera um grupo de mulheres influentes cujo objetivo é melhorar a imagem do governo russo perante um público local e internacional. Ela coordena blogs e sites, todos em inglês para facilitar o acesso, além de páginas nas redes sociais, onde disseminam todo o material que, segundo fontes ocidentais, faz parte da máquina de propaganda do Kremlin.
De acordo com Olga Lautman, pesquisadora do Centro de Análise de Políticas Europeias (CEPA), com sede em Washington, a Rússia sempre soube usar mulheres como agentes. “As mulheres atraem um público maior. Elas são mais desarmadas, como é o caso da Katasonova por ser mais jovem, pode se relacionar com o público de sua idade”, disse Lautman.
Olga apontou para várias mulheres no topo de empresas de notícias e mídia da Rússia como, por exemplo, Margarita Simonyan, editora-chefe do canal de TV estatal RT, que foi tirado do ar em vários países ocidentais, depois da invasão à Ucrânia. Após a morte de Dugina, Simonyan disse em seu canal, no Telegram, que a Rússia deveria ter como alvo “Centros de Decisão” na Ucrânia.
Darya Dugina era editora-chefe do United World International (UWI) – uma plataforma com missão de divulgar o “Projeto Lakhta”. Criado pelo bilionário Eugeny Prigozhin, aliado de Putin, esse projeto tem como finalidade transmitir informações de interesse de Moscou para públicos do Ocidente.
Manchetes como “Se a Ucrânia for admitida na Otan, perecerá como Estado” e “a adesão da Ucrânia à OTAN levaria ao desaparecimento do estado chamado Federação Russa do mapa-múndi” são conteúdos comuns na plataforma. O site reforça constantemente o presidente Putin como defensor do país, alegando que a guerra é a apenas uma contraofensiva russa.