Além da sorte e boa genética, se manter longe de certas pessoas, seja nas redes sociais ou fora delas, é fundamental
Maria Branyas Morera, de 116 anos, entrou no livro dos recordes do Guinness, como a pessoa mais idosa do mundo. Até há poucos dias, o título era da francesa Lucille Randon de 118 anos, que morreu na semana passada. Maria nasceu no dia 4 de março de 1907, na Califórnia, nos Estados Unidos, mas foi para a Espanha quando tinha apenas oito anos. Ela acumula vivências de vários momentos marcantes da História: duas guerras mundiais, a guerra civil espanhola, a pandemia de gripe de 1918 e, mais recentemente, a Covid-19.
Questionada sobre o segredo da sua longevidade ela afirma: “Ordem, tranquilidade, boa conexão com a família e amigos, contato com a natureza, estabilidade emocional, sem preocupações, sem arrependimentos, muita positividade e ficar longe de pessoas tóxicas”.
“Pessoas tóxicas” termo muito utilizado hoje, significa aquele tipo de pessoa que faz mal às outras. Seja por meio de comportamentos desagradáveis, violência emocional e até física. Algumas características delas são: a possessividade, manipulação e agressividade. Para Maria, é preciso aproveitar cada momento com pessoas que realmente fazem bem.
Adepta e usuária das mídias sociais, Maria usa o Twitter para manter contato apenas com quem realmente gosta, como amigos e familiares. “A vida não é eterna para ninguém”, ela twittou no dia do ano novo. “Na minha idade, um ano novo é uma dádiva, uma humilde celebração, uma bela jornada, um momento de felicidade”.
Maria vem acompanhando o aparecimento de pessoas tóxicas nas redes, relacionado, principalmente, ao anonimato. Antes o contato que era só pessoalmente, ou telefone se tornou ainda mais frequente, já que as redes sociais não só diminuíram estas barreiras físicas, como estimulam os discursos de ódio. Um estudo realizado nos Estados Unidos, em 2022, pela empresa de comunicação, SimpleTexting, mostrou que as pessoas consideram o Twitter como a rede social mais tóxica. O levantamento levou em consideração características como a circulação de discurso de ódio, desinformação e “cyberbullying”, ou também chamado de bullying virtual.
O ódio e seus discursos não são uma novidade na vida de Maria e da História. Manipulações de informações foram usadas tanto para causar como justificar as duas grandes Guerra Mundial. No fim de 2022, a relatora de direitos humanos da ONU, Irene Khan, alertou para a situação “extremamente perigosa” na Ucrânia e em outras zonas de guerra atuais. Segundo ela, o discurso de ódio, propaganda e desinformação tem alimentado os conflitos como nunca.
Maria, que viveu a Guerra Espanhola (1936-39) conta que no dia de seu casamento, depois de horas esperando, ela e seu noivo descobriram que o padre havia morrido inesperadamente. Não havia telefone na igreja para chamar outro, então a família teve que pegar um carro e procurar outro padre.
Ela teve três filhos, 11 netos e 13 bisnetos. Depois de ser considerada “sobrevivente” à covid-19 e tantos outros momentos da História ela brinca: “a longevidade também tem um pouco de “sorte e boa genética.”