MEIO AMBIENTE

Mudanças climáticas provocam efeitos colaterais inesperados na Terra e nos seres vivos

Cientistas registram explosões na camada de gelo da Sibéria, peixes sem olfato e diminuição do número de machos em algumas espécies

Por: Júlia Castello
Da redação | 12 de novembro de 2022 - 21:55

O Ártico está se aquecendo quatro vezes mais rápido que o resto do mundo. Esse aquecimento tem gerado gigantes crateras em meio ao gelo. Na Sibéria, no extremo norte da Rússia,  que tem o subsolo da crosta terrestre permanentemente congelado, o “Permafrost”, já apresenta bolsões subterrâneos de gás, devido à alta temperatura do solo. E isso provoca frequentes explosões que abrem as imensas crateras, de acordo com pesquisadores do Instituto Meteorológico da Finlândia.

Estudos mostram que as mudanças climáticas também estão provocando a redução da luminosidade do planeta. Ao observar a luz solar refletida da Terra para a parte escura da lua à noite, os cientistas da “Big Bear Solar Observatory“, em Nova Jersey, nos Estados Unidos mediram o que eles chamam de “brilho da terra”, que é basicamente a luz que reflete do planeta para o espaço extraterrestre.

O Ártico está se aquecendo quatro vezes mais rápido que o resto do mundo. (Foto: Pexels)

A cobertura de nuvens sobre o leste do Oceano Pacífico está diminuindo devido ao aquecimento da temperatura do oceano. Como essas nuvens agem como um espelho, refletindo a luz do Sol de volta ao espaço, sem elas essa luz refletida diminui, o que reduz a luminosidade do Planeta.

Efeitos como esses, segundo os cientistas, se somam às inundações, altas temperaturas e secas recordes, registradas nos últimos anos, que representam as principais consequências do aquecimento global.

Impacto nos seres vivos

Além das espécies em risco de extinção, devido ao impacto humano com a caça e a pesca, alguns outros animais tem apresentado alterações relacionadas com as mudanças climáticas. É o caso de um lagarto da Austrália, que tem tido mais filhotes fêmeas, do que machos. Isto porque o sexo da prole é parcialmente determinado pela temperatura na qual os ovos são incubados. Com o nascimentos de mais fêmeas, biólogos, têm se preocupado com a possível extinção da espécie.

Já nos oceanos, um estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, mostrou que o aumento do dióxido de carbono leva algumas espécies de peixes a perder o olfato. Este é considerado o primeiro estudo do mundo a examinar os efeitos nos peixes das consequências do aquecimento global nos oceanos. “O robalo em águas ácidas nada menos e se mostra menos propenso a reagir quando encontra um predador. Esses peixes também costumam ‘congelar’, indicando ansiedade”, explica a pesquisadora da Universidade de Exeter, Cosima Porteus. Os peixes utilizam o olfato para encontrar comida, habitats seguros, evitar os predadores e reconhecer a própria espécie.

Mais de 26.500 espécies estão ameaçadas de extinção, de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza. (Foto: FreePik)

Impacto nos alimentos

O clima extremo também está afetando a produção de alimentos. Produtos básicos, como o trigo, milho e café, já estão sofrendo os efeitos. Nesse ano de 2022, houve uma notável queda na produção de alguns condimentos.

Em abril, a Huy Fong Foods, uma empresa com sede na Califórnia que produz cerca de 20 milhões de garrafas de molho de pimenta Sriracha todos os anos, enviou uma carta aos clientes alertando sobre uma “grave escassez” de pimentas.

Na França, a oferta de mostarda, condimento que não pode faltar na mesa da maioria das famílias, diminuiu drasticamente. Supermercados e pequenos estabelecimentos chegaram a limitar as vendas do produto aos consumidores. A queda na oferta se deve à redução na produção de sementes de mostarda nas pradarias do Canadá, maior produtor mundial.

Leia também:
Baleia Beluga suspeita de espionar para a Rússia
Mergulhador australiano atacado por crocodilo escapa com vida

+ DESTAQUES