“Esta é uma horrível lembrança desses tempos difíceis que estamos vivendo”. Com essas palavras, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, definiu a situação das milhares de crianças ucranianas, sequestradas e levadas para a Rússia, para que se tornem cidadãs daquele país. A presidente da Comissão anunciou que vai lançar uma campanha internacional para localizar o destino dessas crianças e tentar levá-las de volta para seus pais, na Ucrânia. Pelos cálculos da Comissão, pelo menos 16.000 crianças ucranianas foram levadas para o território russo.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki , que acompanha a situação das crianças ucranianas e promete apoio à Comissão Europeia, afirmou: “trata-se de um ato de barbárie”. O chefe do governo polonês anunciou que seu país vai participar da campanha, ao lado da União Europeia, e confirmou ter recebido pedido nesse sentido das autoridades ucranianas.

O plano dos estrategistas a serviço do regime de Vladimir Putin é sequestrar crianças ucranianas para começar a lavagem cerebral desde cedo e cria-las como russas. Milhares delas foram encontradas nos porões de cidades devastadas pela guerra como Mariupol, e em orfanatos nos territórios separatistas de Donbass, apoiados pela Rússia. Também se incluem nesses grupos as crianças cujos pais foram mortos por bombardeios russos ou com famílias adotivas, conhecidos como “filhos do estado”.

A Rússia alega que essas crianças não têm parentes ou responsáveis ​​para cuidar delas. De acordo com fontes militares, as autoridades deportaram meninos e meninas ucranianos para a Rússia ou territórios controlados por Moscou sem consentimento, tentam usá-las para propaganda e as distribuíram entre famílias russas, para que sejam doutrinadas.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse estar engajada na luta pelas crianças ucranianas. (Crédito: AP)

“A Rússia levou cerca de 16.200 crianças ucranianas só nos últimos 12 meses como parte de sua campanha de terror”, diz a Ucrânia, das quais apenas 300 voltaram para casa até agora.

O projeto UE-Polônia também contará com agências da ONU para rastreá-los e tentar extraí-los de famílias adotivas russas e lares adotivos. A conferência internacional, cujos detalhes ainda não são públicos, será “apenas o começo de um trabalho muito, muito duro”, disse von der Leyen.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, já emitiu um mandado de prisão para o presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra, acusando-o de responsabilidade pessoal pelos sequestros de crianças da Ucrânia.

Von der Leyen, defendeu a decisão do tribunal, “Este é um crime de guerra”, disse ela sobre os sequestros de crianças. “Essas ações criminosas justificam completamente o mandado de prisão emitido pelo TPI”, completou.

Novas sanções 

A União Europeia está preparando uma nova rodada de sanções à Rússia. “O 11º pacote de sanções tratará principalmente da questão da evasão [das sanções] e como podemos ir contra ela”, disse Von der Leyen.

Um enviado especial da UE está visitando países que se acredita estão ajudando a Rússia a obter novas tecnologias, incluídas entre as sanções.