As redes sofrerão um impacto de centenas de milhões de euros ao reduzir os preços de alimentos e outros produtos essenciais
Bloomberg
Varejistas da França concordaram em oferecer preços mais baixos para itens alimentícios e essenciais para ajudar as famílias a lidar com o aumento da inflação, anunciou o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire. As redes de supermercados sofrerão um impacto em suas margens de lucros, no valor de centenas de milhões de euros ao reduzir os preços, durante uma campanha de três meses. Os itens afetados levarão um logotipo com a bandeira francesa e o slogan: “trimestre anti-inflação”.
“Este é um acordo importante que será visível e protegerá nossos cidadãos. Combater a inflação é assunto de todos”, disse Le Maire em entrevista coletiva.
A França fechou 2022 com uma inflação anual de 6,7%. A maior desde 1985. Isso está se tornando um desafio cada vez mais difícil para o presidente francês, Emmanuel Macron, que já está enfrentando protestos em massa sobre seus planos de reformar o sistema previdenciário.
A inflação dos alimentos é mais complicada, pois o governo pode intervir menos do que nos mercados de eletricidade e gás natural. No mês passado, os ministros elogiaram uma “cesta anti-inflação” que atuaria como um índice de “equilíbrio” para os consumidores compararem os preços, mas a ideia foi abandonada após conversas com varejistas.
O presidente-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que os cortes de preços seriam decididos para cada setor e afetariam principalmente as marcas próprias, onde há mais margem de manobra. “As medidas tomadas por diferentes varejistas são por natureza diferentes porque há um princípio de liberdade para que os varejistas possam propor as promoções mais eficientes para os clientes”, afirma ele.
As ações do Carrefour e do concorrente Casino caíram mais de 1% após o anúncio em Paris.
Le Maire descartou cortar os impostos sobre vendas de produtos franceses. Segundo ele, seria muito caro para as finanças públicas e ineficaz na redução dos preços. Quando a iniciativa anti-inflação expirar, o governo pedirá aos varejistas que renegociem os preços com os atacadistas para refletir os recentes declínios nos preços ao produtor, disse ele.
“Há poucos equivalentes na história recente de uma situação em que todos os distribuidores concordam em participar coletivamente”, disse Le Maire.