INTERNACIONAL

Judeus deixam a Rússia temendo perseguição

Comunidade judaica teme a volta da onda de antisemitismo já observada no passado

Da redação | 16 de agosto de 2022 - 10:25

Mais de 20 mil judeus deixaram a Rússia, desde o início da guerra na Ucrânia, em março, temendo perseguição. A Agência Judaica, que auxilia judeus de diversos países em situação vulnerável, além daqueles que desejam ir para Israel, informou que milhares de pessoas estão se dirigindo para países da Europa ou Estados Unidos. Fontes da agência disseram que, na memória de muitas dessas pessoas, permanecem as lembranças de perseguições e ondas de antisemitismo ocorridas ao longo da história, na Rússia e países vizinhos. Entre a comunidade, circulam rumores de que as autoridades russas estariam planejando o fechamento da sede da Agência Judaica.

O movimento de apoio a judeus na Rússia foi intensificado após o desmoronamento da antiga União Soviética, na década de 90. “Foram desenvolvidas ações nas escolas, sinagogas, serviços sociais e junto às comunidades”, explicou um porta-voz da agência. Mas após o início do conflito na Ucrânia, apareceram os primeiros sinais de antisemitismo. E até mesmo o rabino chefe de Moscou, Pinchas Goldschmidt, deixou o país, inicialmente para a Hungria e, em seguida, para Israel.

Situação no front militar

A Rússia atribuiu a “atos de sabotagem” as explosões ocorridas numa base militar na Crimeia, região ocupada pelas tropas russas desde 2014. A base foi atingida por uma série de explosões que danificaram aviões, veículos militares e um depósito de armamentos. O governo russo negou que o ataque tenha sido lançado por forças ucranianas. Por sua vez, a Ucrânia não confirma que suas forças tenham lançado uma ofensiva de longo alcance, em pleno território ocupado pelas forças de Moscou. Por medida de segurança, o Ministério da Defesa da Rússia informou que 2 mil pessoas foram retiradas de suas casas em uma vila próxima ao local das explosões.

O fogo também atingiu uma subestação de energia elétrica e interrompeu os serviços ferroviários na região por causa dos danos causados à via.

Em Moscou, o Ministério da Defesa informou, atribuiu as explosões, inicialmente a um incêndio acidental em um depósito de armas. Mas, em seguida, o governo insistiu na tese de “sabotagem”.

Judeus deixam a Rússia

Rabino chefe de Moscou deixa o país. Crédito: Conferência dos Rabinos Europeus.

Na semana passada, pelo menos oito aviões de guerra russos foram destruídos na base aérea de Saky em um aparente ataque ucraniano na costa da Crimeia.

Nesta ocasião, o governo russo também negou ter sido alvo de ataques da Ucrânia, e se referiu ao episódio como um incidente sem relação militar.

Região tomada em 2014

A região da Crimeia foi tomada pela Rússia no início de 2014, sob a alegação de que a península sempre fez parte do território russo. A partir de então, os russos estenderam os seus domínios por mais duas regiões ao sul, Kherson e Zaporizhzhia.

Imagens divulgadas pela BBC NEWS mostram banhistas em uma praia na Crimeia assustados com o barulho das explosões na base militar russa.

As explosões desta terça-feira indicam uma aparente capacidade dos militares ucranianos de ameaçar e causar estragos significativos às tropas russas numa guerra que já dura mais de cinco meses.

O conflito entre os dois países até deixou um saldo estimado de, pelo menos, 15 mil mortos e 4,3 milhões de refugiados ucranianos.

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