INTERNACIONAL

Jornalista russa condenada por denunciar ataque contra teatro

Repórter revelou que aviões russos bombardearam teatro matando mais de 300 pessoas

Por: Carlos Taquari
Da redação | 15 de fevereiro de 2023 - 15:07

A jornalista Maria Ponomarenko foi condenada a 6 anos de prisão, por um tribunal de Barnau, na Sibéria. Ele foi acusada de espalhar “fake news”, por ter denunciado nas redes sociais que aviões russos lançaram as bombas que mataram mais de 300 pessoas num teatro de Mariupol, na Ucrânia.

O ataque ocorreu em Março do ano passado e a repórter foi presa em Abril. Além da pena de prisão, ela foi proibida de exercer o jornalismo.

O governo negou que tenha sido responsável pelo ataque ao teatro e tentou atribuir a culpa aos ucranianos que, segundo essa versão, teriam lançado as bombas para matar as centenas de pessoas que ocupavam o teatro.

Na noite do bombardeio, não havia espetáculo no teatro. As pessoas tinham se dirigido para lá em busca de abrigo contra os ataques dos russos. Fazia apenas um mês que a guerra tinha começado e a aviação russa lançava frequentes bombardeios sobre as cidades ucranianas.

A Anistia Internacional acusou a Rússia de crime de guerra, por atacar um local repleto de civis desarmados.

Maria Ponomarenko se recusou a pedir perdão.  (Foto: Sota, mídia independente russa)

Ao pedir a condenação de Maria Ponomarenko, os promotores sustentaram a acusação de que ela cometeu “uma ofensa criminosa, ao espalhar informações falsas sobre as forças armadas russas”. Se dirigindo à Corte, antes da sentença, Maria Ponomarenko se defendeu, afirmando: “se eu tivesse cometido um crime, poderia pedir perdão, mas não farei isso, por conta de minhas qualidades morais e éticas”. Ela também se declarou pacifista e patriótica e finalizou sua defesa com as seguintes palavras: “nenhum regime totalitário foi forte o suficiente para evitar seu colapso”. Mãe de dois filhos, a jornalista vem enfrentando problemas mentais na prisão, por se achar vítima de perseguição e de uma condenação injusta.

A jornalista é apenas uma das centenas de pessoas presas por se manifestarem contra a invasão da Ucrânia ou por revelarem informações que contrariam as versões do Kremlin.

Alexei Gorinov, ex-integrante do conselho municipal de Moscou, foi condenado a 7 anos de prisão, por ter feito um discurso contra a guerra na Ucrânia. Ilya Yashin, militante da oposição, recebeu uma pena de 8 anos de prisão, por ter denunciado a matança de centenas de civis, pelas tropas russas, em Bucha, localidade próxima de Kiev.

 

 

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