INTERNACIONAL

Irã executa manifestante preso durante protestos

Esta foi a primeira pena de morte aplicada por participação em atos contra o governo

Da redação | 8 de dezembro de 2022 - 17:55
The Washington Post

Mohsen Shekari foi acusado de atacar um guarda paramilitar com uma faca provocando ferimentos que teriam resultado em em 13 pontos cirúrgicos. Ele também foi responsabilizado por “perturbação da ordem pública”, ao bloquear uma via da capital, Teerã, durante os protestos.  As manifestações abalam o País há quatro meses. A identidade do prisioneiro foi revelada pelo Mizan, site de notícias do judiciário do país.

A execução marca uma escalada significativa na repressão sangrenta das autoridades ao movimento de protesto, que começou em setembro em resposta à morte de Masha Amini, de 22 anos, enquanto estava sob custódia da chamada polícia moral do Irã. Mas a revolta cresceu nos últimos dois meses, estimulada por uma insatisfação mais ampla contra o liderança clerical do país.

Grupos de direitos humanos estimam que, pelo menos, doze pessoas foram condenadas à morte por crimes supostamente cometidos durante os protestos. E eles alertam que mais pessoas podem enfrentar a pena de morte. Especialistas dizem que a execução pode ter sido um teste para avaliar as respostas da população.

Reação internacional

O diretor do grupo norueguês Iran Human Rights, Mahmood Amiry-Moghaddam, se manifestou pelas redes sociais. “Autoridades iranianas executaram um manifestante, condenado à morte em julgamentos sem qualquer processo legal. Seu nome é #MohsenShekari – Ele foi enforcado esta manhã”, afirmou. Ele também pede que a comunidade internacional tome providências.

A execução ocorre no contexto de uma greve trabalhista de três dias que foi a maior que o País viu em décadas e aumentou a pressão sobre as autoridades iranianas para responder.

Os prisioneiros políticos são, normalmente, julgados em tribunais revolucionários, um sistema legal paralelo projetado para proteger o regime iraniano, resultando em um sistema judicial contra os manifestantes. A Human Rights Watch disse no ano passado que os tribunais “regularmente ficam muito aquém de fornecer julgamentos justos” e usam “confissões provavelmente obtidas sob tortura”.

Leia mais:

+ DESTAQUES