Situação é crítica no país sul-americano com descontrole de preços e mais da metade da população na pobreza
A taxa de inflação argentina bateu o recorde dos últimos 30 anos ultrapassando os 100% pela primeira vez desde a década de 1990 quando o país sul-americano havia superado o fantasma da hiperinflação. A taxa exata da inflação argentina no mês de fevereiro foi de 102,5% de acordo com a agência de estatísticas do país.
Para se ter ideia do impacto da inflação na vida dos argentinos, é só imaginar um produto que no ano passado era vendido por $ 1.000 pesos argentinos, hoje custaria exatamente o dobro, $ 2.025 pesos.
A situação é crítica sob vários aspectos. A recessão que assola a Argentina já empurrou a maioria da população para a linha da pobreza. A alta dos preços é atribuída à elevada emissão de moeda pelo Banco Central Argentino e à guerra na Ucrânia. O governo acusa os produtores nacionais de especulação e tenta controlar a alta dos preços limitando reajustes de alimentos e outros produtos essenciais, mas sem sucesso. De janeiro a fevereiro, os setores de alimentos e bebidas tiveram um aumento de 9,8%.
Fontes ligadas ao governo de Buenos Aires justificam que esse aumento recente se deve a uma forte alta no preço da carne bovina, que subiu quase 20% no último mês. O mercado sofre as consequências de condições climáticas adversas, como uma onda de calor prolongada e uma seca que afetaram os rebanhos e as plantações argentinas.
A pressão das ruas vem aumentando desde o final ano passado. Em setembro, milhares de manifestantes foram às ruas exigir medidas austeras para conter o aumento do custo de vida. Em resposta, no mês passado, o Banco Central da Argentina anunciou a emissão de uma nova nota de 2.000 pesos (o equivalente a US$ 9,9 dólares), como mais uma tentativa para controlar a alta de preços, mas ainda não se sabe quando a nova cédula entrará em circulação.
A luta contra a inflação também é uma luta interna dentro do governo argentino. Divergências entre os grupos políticos do presidente Alberto Fernández e da vice, Cristina Kirchner, impedem um consenso em torno de soluções para os problemas econômicos do país.