Nova pesquisa contribui para identificar a relação do vírus com doenças mentais
Um estudo liderado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve, de Ohio nos Estados Unidos, mostrou que a covid-19 pode contribuir para o aumento da chance de desenvolvimento da doença de Alzheimer. A pesquisa analisou os registros de saúde de mais de 6 milhões de norte-americanos em todo o país com mais de 65 anos, que foram contaminados pelo vírus.
“Sabemos que a covid pode afetar o cérebro, mas acho que ninguém olhou para novos diagnósticos de Alzheimer”, disse Pamela Davis, uma das coautoras do estudo e professora da Universidade Case Western Reserve. Já Rong Xu, outra pesquisadora da Universidade, disse que esperava ver algum aumento entre os idosos adoecidos pela covid-19, mas ficou surpresa “com a extensão do aumento e a rapidez com que ocorreu”.
De acordo com o diretor do Laboratório de Desenvolvimento, Modulação e Reparo do Cérebro da Universidade do Texas Health San Antonio, Gabriel de Erausquin, o estudo embora “importante e útil”, foi “limitado”. Ele adverte que um diagnóstico da doença de Alzheimer não é necessariamente a confirmação da doença.
Os médicos às vezes diagnosticam a doença de Alzheimer com base em mudanças de comportamento ou respostas a um teste de memória. Estes testes considerados menos precisos do que exames de imagem ou de fluido espinhal.
Os pesquisadores da Case Western Reserve reconheceram em um artigo publicado no “Journal of Alzheimer’s Diseas” que o estudo foi comprometido pelo potencial de diagnósticos imprecisos da doença de Alzheimer.
Durante grande parte do período de estudo, o sistema de registro que foi analisado não incluiu um código para covid longo, deixando em aberto a possibilidade de que pacientes que tiveram problemas de saúde contínuos após a crise de covid-19 possam ter sido diagnosticados erroneamente com Alzheimer.
Ainda assim, o novo estudo se soma a um crescente corpo de pesquisas que examinam a relação entre a covid-19 e a doença de Alzheimer. Um estudo anterior de alguns dos mesmos pesquisadores da Case Western Reserve examinou os registros de saúde de quase 62 milhões de americanos com mais de 18 anos. Eles descobriram que pacientes com demência tinham um risco significativamente maior de adquirir covid-19 do que pacientes sem demência.