Aramco, Exxon , Shell e outras multiplicaram os lucros por bilhões, graças ao aumento nos preços provocado pelo conflito
A Aramco, estatal saudita, anunciou um lucro de 161 bilhões de dólares, em 2022, 46% maior do que no ano anterior.
A americana ExxonMobil teve um lucro recorde de 55,7 bilhões, mais que o dobro do resultado alcançado em 2021.
E a britânica Shell anunciou o maior lucro em seus 115 anos de história: 39,9 bilhões de dólares, o dobro de 2021.
Para todas elas, foram lucros recordes.
Ao anunciar o lucro de US$ 161 bilhões, em 2022, a Aramco também declarou um dividendo para os acionistas no valor de US$19,5 bilhões, apenas para o trimestre de Outubro a Dezembro do ano passado. A maior parte desse montante vai para o governo da Arábia Saudita, que possui 95% das ações da companhia.
Todos esses lucros bilionários estão relacionados com a guerra na Ucrânia. Um dia após a invasão desse país pela Rússia, em 24 de Fevereiro, de 2022, o preço do petróleo ultrapassou a barreira dos 100 dólares por barril, até alcançar o pico de 128 dólares, quando o presidente Vladimir Putin decidiu cortar o fornecimento de petróleo e gás para o Ocidente. Foi uma represália, ainda em vigor, contra as sanções aplicadas pelos países ocidentais, pela invasão do território ucraniano.
Os países da União Europeia se mobilizaram para repor os volumes que a Rússia deixou de exportar, ampliando as trocas entre eles e comprando mais de outros fornecedores, principalmente no Oriente Médio. Com isso, os preços do barril de petróleo caíram para um patamar em torno de 83 dólares.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca divulgou nota qualificando de “ultrajante” o lucro anunciado pela ExxonMobil. Para o governo norte-americano, trata-se de um acinte um resultado como esse considerando que a população foi obrigada a pagar preços exorbitantes para conseguir abastecer seus veículos ou aquecer suas residências.
No Reino Unido, o governo criou uma taxa extra de 40% sobre os lucros obtidos pela venda de gás e petróleo, mas isto só vale para os produtos extraídos em território britânico. Além disso, as companhias podem deduzir dessa taxa uma parcela dos investimentos realizados em outras fontes de combustível ou até mesmo por conta do fechamento de plataformas mais antigas, que se tornaram obsoletas.
Antes mesmo da nova taxa, as empresas já desfrutavam desse tipo de benefício. Como resultado, companhias como a Shell e BP passaram anos sem pagar impostos sobre a venda de combustíveis, no país.