Trabalhadores protestam contra a inflação superior a 6% e lucro das petroleiras
Os sindicatos franceses convocaram uma greve nacional, que atingiu diversos setores, ampliando a paralisação nas refinarias que causou falta de combustível e filas gigantescas em postos de gasolina. Os grevistas, que agora incluem professores e trabalhadores do setor de transporte, exigem reajuste salarial para compensar os aumentos nos preços de alimentos e combustíveis. A inflação superior a 6 por cento, os lucros recordes das empresas petrolíferas, que se beneficiaram dos aumentos de preços provocados pela escassez de petróleo levaram milhares de trabalhadores a aderir à paralisação.
Os sindicatos controlados pela CGT, a Central Geral dos Trabalhadores, aliada aos partidos de esquerda que fazem oposição a Emmanuel Macron, acusam o presidente de não fazer tudo que pode para conter os aumentos de preços. A paralisação representa mais um desafio para Macron que, a exemplo dos demais dirigentes europeus, já enfrenta a questão da escassez de combustíveis, provocada pela Rússia, que cortou o fornecimento de gás e petróleo para Europa, como represália às sanções impostas pelo Ocidente ao país.
De acordo com o Ministério da Educação, quase 10% dos professores do ensino médio aderiram à greve. A gigante nuclear francesa EDF disse que cerca de 15% de seus trabalhadores cruzaram os braços, o que poderia atrasar os trabalhos de manutenção nos reatores.
Ao lado das reivindicações salariais, os trabalhadores defenderam o seu direito constitucional à greve, irritados com a decisão do governo de forçar alguns funcionários das refinarias a trabalhar para restabelecer o abastecimento de combustível. A atitude de ameaçar alguns trabalhadores com multas e processos criminais se eles se recusassem a trabalhar foi um dos motivos para a convocação de uma greve nacional.
O governo francês disse que 107 mil pessoas participaram das marchas em todo o país, incluindo 13 mil em Paris, uma estimativa bem abaixo das 70 mil relatadas pela CGT.
Manifestantes anticapitalistas do “bloco negro” também se juntaram à manifestação na capital francesa, pichando e quebrando janelas em um banco e uma concessionária de automóveis antes de serem dispersados pela polícia de choque.
O ministério disse que 11 pessoas foram presas em Paris e nove policiais ficaram feridos em confrontos com os manifestantes, além de quatro prisões em outros lugares.
Nas próximas semanas, os sindicatos devem promover novos protestos contra o Macron, em particular por causa da reforma da previdência, que altera limites para aposentadoria.