Medida defendida por pesquisadores da ONU ajudaria a combater até mesmo as mudanças climáticas
A volta dos grandes mamíferos e a recuperação das áreas habitadas por eles pode ser o primeiro passo para reverter a degradação de ecossistemas em diferentes pontos do planeta. A proposta foi feita por pesquisadores do Centro de Monitoramento de Conservação Mundial do Programa Ambiental da ONU em parceria com a organização sem fins lucrativos RESOLVE.
Com um número crescente de estudos demonstrando a importância destes animais para ecossistemas saudáveis, a inserção de apenas 20 mamíferos, sendo 13 herbívoros e sete predadores, poderia não só ajudar a biodiversidade a se recuperar, como combateria as mudanças climáticas no processo. Alguns destes animais são os ursos marrons, leopardos, alces, cavalos selvagens, tigres e hipopótamos.
Regiões
Além da indicação de quais animais seriam essenciais para o sucesso da iniciativa, a proposta também identificou os 30 ecossistemas, em cinco continentes, considerados prioritárias. Entre eles estão: as pastagens inundadas do Sudão do Sul, a área seca dos Andes centrais e as pastagens e arbustos do deserto de Chihuahuan, que se estende do México, ao Arizona e Texas, nos Estados Unidos. Nesse deserto, os especialistas acreditam que seria possível restaurar o local e a comunidades de grandes mamíferos nos próximos cinco a dez anos. Esta região é uma das poucas no planeta onde, em outros tempos, conviveram diferentes espécies como ursos, lobos e leopardos.
Desafios
A reinserção destes animais é segundo os pesquisadores, um componente essencial, mas muitas vezes omitido, dos atuais esforços de restauração. Entre os principais desafios estão à própria reação da sociedade civil que teme, ao longo da história, alguns destes animais de grande porte, principalmente os predadores, como leopardos e tigres.
De acordo com um estudo da Universidade do Estado do Oregon, 64% dos grandes carnívoros remanescentes no mundo estão em risco de extinção e, 80% estão em declínio. Os dados atuais e expectativas futuras alarmantes só reforçam a necessidade de agir. Em um artigo publicado recentemente, os pesquisadores defendem que a medida “deve se tornar um imperativo global na próxima década”.
Esse texto é uma condensação de um artigo da YaleEnvironment360