Medida pretende reduzir financiamento à guerra na Ucrânia e reduzir a inflação no Ocidente
O grupo dos sete países mais ricos do mundo (G7) anunciou que vai estabelecer um teto de preço para o petróleo russo. Os ministros das Finanças do G7 estão seguros de que a limitação no preço do petróleo bruto e derivados vai impactar os resultados das exportações russas, o que forçará o país a diminuir o financiamento à guerra na Ucrânia, e ajudaria a controlar a inflação mundial.
A adoção de um teto de preço obriga os países que assinarem a política a só comprar petróleo russo e produtos petrolíferos transportados por via marítima que sejam vendidos no preço máximo estabelecido ou abaixo dele.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, é uma das maiores defensoras da política de controle de preços. Yellen vem tentando convencer as demais potências estrangeiras a forçarem a compra de petróleo russo a um preço mais baixo para, assim, diminuir os resultados que o país obtém no mercado internacional. Com isso, o financiamento dos custos da guerra na Ucrânia seria abalado.
Reação de Moscou
Tudo indica que a adoção de uma política de controle de preços acabará sendo adotada. Mas o governo russo já alertou que vai reagir, deixando de vender petróleo para os países que adotarem o limite de preço. “Nós simplesmente não cooperaremos com eles no petróleo com base em tais princípios não comerciais”, afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin.
De acordo com analistas, há outro detalhe que precisa ser considerado. China e Índia, que não fazem parte do G7, e são igualmente grandes compradores de petróleo da Rússia, provavelmente não aprovariam o teto de preços. E essa resistência tornaria a medida pouco efetiva.
Se a política de controle de preços vingar, o G7 decretaria o valor máximo a ser praticado e cortaria o seguro para todos os embarques de petróleo russo negociados acima do teto. Isso tornaria impossível o envio do produto. O preço máximo do petróleo ainda não foi definido, mas pode entrar em vigor até o fim do ano.
No dia 9 de setembro, os ministros de energia da União Europeia se reunirão em Bruxelas para discutir os pedidos para reformar o mercado de energia do bloco.
O acordo do G7 para impor limite ao preço do petróleo russo é mais uma medida simbólica, cuja eficácia depende de como será aplicado.
Os preços da energia dispararam em toda a Europa desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. E a receita russa com a venda de petróleo é uma das principais fontes de financiamento da guerra.
Ariel Cohen, membro sênior do Conselho do Atlântico, disse que continua preocupado com a possibilidade de Putin responder ao teto de preço cortando a Europa dos envios de gás natural, o que já vem sendo sentido.
“Temos que ter cuidado para não causar uma recessão econômica na Europa”, disse Cohen. “Quero entender claramente de onde virá o suprimento alternativo de gás. E qual é a extensão da dor econômica que a Europa pode suportar?”