Crise econômica e dívida gigantesca devem conter planos da extrema-direita italiana
A primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, afirmou que a Europa vai acompanhar com atenção as mudanças políticas na Itália, após a vitória da aliança de direita liderada por Georgia Meloni, que deve assumir como primeira-ministra.
“Na Europa, nós atribuímos grande importância a um certo número de valores e, vamos observar, ao lado da presidente da Comissão Europeia, se valores como os direitos humanos, o respeito às pessoas, incluindo o direito ao aborto, por exemplo”, serão reconhecidos”, afirmou a primeira-ministra. Borne acrescentou que a França respeita a escolha dos italianos, mas deixou claro que seu governo não pode ignorar certos princípios.
Ao mencionar presidente da Comissão Europeia, Borne estava se referindo a uma declaração de Ursula Von Der Leyen de que a União Europeia está pronta para trabalhar com qualquer governo democrático integrante do bloco. Mas, acrescentou, a UE tem instrumentos para utilizar se as coisas “caminharem numa direção complicada”.
O alerta feito pela primeira-ministra da França e pela presidente da Comissão Europeia está relacionado com declarações feitas por Georgia Meloni, antes das eleições, que se queixou do que considera uma interferência excessiva dos líderes do bloco nos assuntos internos dos países membros.
Além disso, após os resultados que deram vitória à aliança direitista, um dos principais integrantes da coalizão, Matteo Salvini, da Liga, considerou as declarações de Ursula Von Der Leyen como “uma ameaça” e pediu que ela “respeite a decisão dos eleitores italianos”.
Em Bruxelas, líderes do bloco europeu manifestaram preocupações diante de possíveis violações dos direitos humanos, no futuro governo de direita, que deve ser chefiado por Giorgia Meloni. Um dos motivos é a defesa feita por Meloni do envio de navios da Marinha italiana para bloquear barcos que deixam a Líbia levando refugiados que são deixados nas praias da Itália.
Na questão econômica, os líderes europeus temem que o gigantesco endividamento da Itália – a terceira economia da zona do euro – que alcança 2,7 trilhões de euros, possa colocar em risco a estabilidade europeia. Mas, ao mesmo tempo, lembram que o governo italiano aguarda a liberação de um empréstimo da UE, no valor de 200 bilhões de euros. A quantia é fundamental para aliviar, no curto prazo, a crise econômica e social que afeta o país, provocada pelos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia, em especial os aumentos de preços dos alimentos e combustíveis.
Nesse ponto, a expectativa em Bruxelas, é de que Giorgia Meloni se lembre do que aconteceu com a Hungria, onde o presidente Victor Orban ignorou várias orientações do bloco e teve uma ajuda de 7,5 bilhões de euros suspensa, por decisão da Comissão Europeia.