Estudos mostram que falar sobre os outros pode até ser positivo em algumas situações
Tornou-se crença popular que as mulheres fofocam mais que os homens e que contar algo particular ou íntimo sobre alguém a outros pode beirar o imoral. Um estudo da Universidade de Ariel em Israel mostrou que quantitativamente mulheres e homens se envolvem igualmente na difusão das histórias sobre os outros popularmente denominadas fofocas.
Os pesquisadores fizeram diversas perguntas a um grupo de 2.230 participantes. A atividade consistia em uma situação imaginativa em que a pessoa teria que descrever, a um amigo, alguém que acabou de conhecer. Apesar de praticarem a fofoca na mesma intensidade, por meio da pesquisa foi possível perceber uma diferença no ato entre os gêneros feminino e masculino.
Na pesquisa, durante a prática da fofoca, as mulheres falaram mais sobre relações sociais e aparência física da “vítima” do que os homens, mas suas fofocas foram consideradas mais suaves do que as deles. Os homens, por sua vez, falam mais coisas ruins sobre os outros durante as sessões de fofoca do que as mulheres.
O psicólogo evolucionista Robin Dunbar explica que a fofoca ou a transmissão de confidências foram fundamentais para a própria sobrevivência da espécie humana, já que, para ele, fofocar nada mais é do que o compartilhar informações socialmente, o que pode ser útil para a autodefesa de grupos e comunidades.
Mesmo que tenha sido criada há séculos, segue viva a imagem de que a fofoca é uma ação humana destrutiva, o que tem influenciado inclusive ações internas preventivas nas empresas. A estudante de psicologia Kathryn Waddington da Universidade de Westminster em seu livro “Gossip, Organization and Work” mostrou que empresas em todo mundo adotam políticas internas de conscientização para combater a fofoca nos ambientes de trabalho.
Entretanto, como explica Kathryn, a fofoca é, grande parte das vezes, uma expressão de preocupação com o comportamento antiético ou antiprofissional de pessoas dentro das empresas, como por exemplo, propagar a outros o testemunho da ocorrência de assédio sexual ou moral.
“Quando o tópico da fofoca é sobre más práticas nas organizações, pode atuar como um sinal de alerta, que deve ser ouvido, em vez de ignorado ou desconsiderado”, afirma. Movimentos hoje como #MeToo, por exemplo, têm tentado mudar a importância de compartilhamento de informações como forma de denunciar e proteger quem pode estar sendo atacado.
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