Menos conhecida e discutida do que a feminina, a infertilidade masculina afeta até 7% da população mundial. Devido a muitos tabus sociais e culturais, o problema permanece ainda um mistério para a medicina e a ciência. Pesquisa do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Instituto de Ciências Médicas da Índia mostrou que a infertilidade masculina está crescendo no mundo.

De acordo com o estudo, a poluição têm afetado especificamente a qualidade do esperma. Não só houve mudanças na capacidade de se mover com eficiência, sua forma e tamanho, como a diminuição numérica  de espermatozoides disponíveis. Um levantamento da Universidade Hebraica de Jerusalém mostrou que a contagem de espermatozoides caiu em média 1,2% ao ano entre 1973 e 2018, de 104 para 49 milhões/ml. A partir do ano 2000, essa taxa de declínio acelerou para mais de 2,6% ao ano.

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“Em geral, quando você fica abaixo de 40 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen, começa a ter problemas de fertilidade”, afirma Hagai Levine, professor de epidemiologia e um dos responsáveis pelo estudo realizado em Jerusalém. O pesquisador explica que “essa aceleração pode ser causada por mudanças epigenéticas , ou seja, alterações na maneira como os genes funcionam, causadas por fatores ambientais ou de estilo de vida”.

Outras pesquisas

Diante dos indícios de que a fertilidade masculina está sendo afetada por problemas ambientais, Rebecca Blanchard, pesquisadora da Universidade de Nottingham, Reino Unido, está realizando testes dos efeitos de produtos químicos encontrados nas residências. Acompanhamento a reprodução de cães, ela percebeu “uma redução na motilidade (eficiência de mobilidade) dos espermatozoides tanto no ser humano quanto no cão”, diz Blanchard. “Houve também um aumento na quantidade de fragmentação do DNA”. Além de produtos químicos encontrados em plásticos, medicamentos, a pesquisa se concentrou na cadeia alimentar humana, água e  ar.

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Hue, no Vietnã, demonstrou que as ondas de calor danificam o esperma em insetos, e um impacto semelhante foi observado em humanos.

Urgência

Os resultados das últimas pesquisas têm deixado claro a importância da discussão e o estímulo crescente para investimentos e mais estudos sobre o tema. Um artigo publicado na Oxford Academy, em 2019, já  apontava a necessidade urgente de novas abordagens de prevenção, diagnóstico e tratamento da infertilidade masculina, além de maior conscientização no combate à poluição.