Estudo revela que as espécies marinhas, incluindo os corais, são influenciadas pela Lua
Além de influenciar inúmeros aspectos da vida na Terra, a Lua também espalha vida na profundidade dos mares, de acordo com estudo realizado na Universidade de Viena. Segundo os pesquisadores, a Lua interfere no comportamento reprodutivo de corais, mexilhões e nos peixes. Esses animais são influenciados pela luz noturna fazendo com que sua reprodução seja mais ou menos intensa. Isso pode interferir em várias espécies a ponto de, se deixarem de receber os raios da Lua que penetram na água, surgir o risco de extinção.
Até recentemente acreditava-se que o responsável por esta sincronicidade com a Lua era uma proteína sensível à luz, presente nestes animais. Com a ajuda de uma espécie de cerda marinha, Platynereis dumerilii, os pesquisadores conseguiram comprovar que esta proteína consegue distinguir a luz do Sol da luz da Lua, sendo responsável por desencadear a desova nos períodos de Lua cheia.
Kristin Tessmar-Raible, bióloga da Universidade de Viena explica que a situação é semelhante a ter “um ‘sensor de pouca luz’ altamente sensível para detecção do luar com um ‘sensor de alta luz’ muito menos sensível para detecção de luz solar”, afirmam os pesquisadores.
Risco de extinção
A pesquisa emite um alerta em relação as luzes das cidades. Se os mecanismos do “relógio” de animais marinhos são semelhantes às da espécie testada em laboratório, como as criaturas seriam capazes de detectar adequadamente a Lua cheia natural? Em 2021, pesquisadores da Universidade Bar-Ilan, em Israel, demonstraram que esta poluição atrapalhou a desova de duas espécies de corais encontradas no Oceano Indo-Pacífico, a Acropora millepora e a Acropora digitifera.
Já outra pesquisa, os cientistas israelenses compararam quatro anos de observações de desova de corais do Mar Vermelho com dados do mesmo local 30 anos antes. Tom Shlesinger, um dos responsáveis pela pesquisa e ecologista marinho da Universidade de Tel Aviv, mostrou que a luz artificial gerada pelo ser humano, estava afetando a desova destes corais, e desta forma, o surgimento de menos corais novos no recife.
Efeitos a curto e longo prazo
Com base em suas observações até o momento, Shlesinger aponta que cerca de 10 das 50 espécies de coral que não correm risco de extinção estão localizadas na área norte no Mar Vermelho. Esta região é considerada hoje um dos poucos ambientes de refúgio das mudanças climáticas. “Suspeito que ouviremos falar de mais problemas como esse em outros lugares do mundo e em mais espécies”, lamenta ela.