ECONOMIA

Falta de alimentos no Reino Unido. Escassez pode durar semanas

Mercados limitam as vendas de vários produtos, incluindo batatas, tomates e outros vegetais

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 21 de fevereiro de 2023 - 19:29

Pela primeira vez, desde a Segunda Guerra, na primeira metade do século passado, estão faltando alimentos no Reino Unido. A escassez foi provocada por um conjunto de fatores, que os analistas econômicos estão chamando de “tempestade perfeita”. Primeiro, os produtores agrícolas desligaram as estufas, para economizar, diante do aumento nos custos da energia. Eles alegam que não estavam conseguindo fechar as contas, mesmo com a ajuda fornecida pelo governo.

Em seguida, algumas regiões produtoras de vegetais foram atingidas por inundações e outras pela queda acentuada na temperatura. Plantações ao ar livre, fora das estufas, foram dizimadas pelas águas ou pelo frio intenso. Não bastasse tudo isso, as importações de produtos da França e de outros países da zona do Euro já tem sido reduzidas, por conta do Brexit. As taxas de importação aumentaram depois que o Reino Unido saiu da União Européia, além do custo no transporte e da enorme burocracia criada para um país que já não pertence ao mercado comum do euro.

Para não enfrentar a burocracia e o pagamento de taxas extras, centenas de motoristas de caminhão desistiram de fazer o transporte para o outro lado do Canal da Mancha, utilizando os ferry-boats que saem da França.

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Os supermercados, no Reino Unido, não conseguem se abastecer e estão restringindo as vendas de vários produtos, como batatas, tomates, pepinos, brócolis e outros. Cada cliente só pode levar uma quantidade limitada de produtos.

O British Retail Consortium – associação que reúne os varejistas do setor – admite que a escassez poderá se prolongar por semanas.

Na conferência anual do Sindicato Nacional dos Agricultores, a presidente Minette Batters disse que os fazendeiros e criadores estão sendo atingidos pela escassez de mão de obra, altos custos, impactos das mudanças climáticas e turbulência política global.

Apesar da equipe do primeiro ministro Rishi Sunak prometer que vai gastar 168 milhões de libras esterlinas (1.051 bilhão de reais) de dinheiro público no apoio à produtividade agrícola até o ano que vem, Batters disse que os custos aumentaram quase 50% desde 2019 e a indústria avícola, gravemente afetada pelo maior surto registrado de gripe aviária, viu a produção de ovos no Reino Unido cair para o nível mais baixo em nove anos.

Muitas fazendas cortaram a produção para diminuir as perdas com a inflação alta e as contas de energia. “Existem muitos galpões vazios que deveriam ter frutas e vegetais. “Temos custos crescentes maciços. Muito disso se deve à guerra na Ucrânia, outra parte é que ainda estamos tentando nos estabelecer após o Brexit, mas esses gastos crescentes com os insumos são tão altos que os agricultores simplesmente não podem pagar por eles”, alegam os representantes do setor.

O ministro da agricultura, Mark Spencer, disse que além das doações para o desenvolvimento de novas tecnologias, o pacote anual total de 2,4 bilhões de libras esterlinas (15,02 bilhões de reais) inclui o Esquema de Gerenciamento Ambiental de Terras (ELMS), isto é, um sistema de pagamento pós-Brexit projetado para recompensar proprietários de terras e agricultores na Inglaterra pelo trabalho ambiental e pela produção sustentável de alimentos. Destina-se a substituir os subsídios da política agrícola comum da União Europeia.

Spencer também informou que os trabalhadores agrícolas temporários estrangeiros vão receber um salário mínimo nacional no próximo ano, fixado em 10,42 libras esterlinas por hora (65,20 reais), a partir de 1º de abril, com a garantia de um período mínimo de 32 horas de trabalho, por semana.

 

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