Como a demanda por combustíveis fósseis não diminui, apesar dos alertas sobre o aquecimento do planeta, as empresas do setor avançam sobre áreas de proteção ambiental. Levantamento realizado pela organização alemã sem fins lucrativos Lingo revela que, atualmente, 2.905 projetos de exploração de carvão, gás e petróleo estão em andamento, em 835 áreas ambientalmente sensíveis, em 91 países.

O estudo realizado pela Lingo (abreviação para “Leave it in the Ground Initiative” – Iniciativa para deixe isto no solo ) mostra que a exploração em áreas de proteção ambiental vão do Alasca, no extremo norte dos Estados Unidos, à Austrália, passando pela Amazônia e Oriente Médio, além da Ásia e Leste da Europa, incluindo a Rússia.

De acordo com a Lingo, esses projetos têm um forte impacto negativo para a saúde do planeta, por vários motivos. Primeiro, porque a queima de combustíveis fósseis é a principal causa do aquecimento global. Segundo, porque a exploração em áreas de proteção ambiental afeta diretamente a biodiversidade, provocando desequilíbrio na flora e fauna, o que se reflete também nas comunidades habitadas mais próximas.

Os especialistas da Lingo lembram, ainda, que os diferentes ecossistemas constituem parte fundamental nas defesas do planeta, porque contribuem para absorver e armazenar carbono. Esse processo ajuda a reduzir o acúmulo de poluentes da atmosfera, um dado importante na luta contra as mudanças climáticas. Além disso, há o fato de que, na maioria das vezes, a implantação de projetos nestas áreas leva à derrubada das florestas e à degradação no entorno.

Exemplos de exploração  

Entre os maiores projetos em áreas ambientalmente sensíveis, destacam-se os seguintes:

• Nos Estados Unidos, apesar do alerta dos ambientalistas, o presidente Joe Biden aprovou um projeto de exploração de petróleo no Alasca. A empresa Conoco-Phillips está investindo US$ 8 bilhões para extrair petróleo em 199 poços da região.
• No Reino Unido, o governo estuda a liberação de novas áreas de exploração de gás e petróleo no Mar do Norte.
• No Brasil, a Petrobras tem planos para explorar petróleo na Foz do Amazonas, o que tem provocado protestos de setores ambientalistas e causou mal estar no governo, diante das críticas da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é contra o projeto.
• Na Argentina, os projetos de ampliação das explorações nas reservas petrolíferas ao longo do litoral têm sido criticados pelo Greenpeace.
• A Bolívia têm planos de exploração de petróleo em reservas indígenas e na Amazônia boliviana. O Equador também segue no mesmo caminho.
• Austrália, Venezuela, Emirados Árabes Unidos e Namíbia são outros países que têm planos semelhantes para exploração de gás e petróleo em áreas de proteção ambiental.
• A China tem dezenas de projetos de exploração de carvão em andamento, nas mais diversas regiões do país.

Ainda sobre o Brasil, conforme aparece no mapa abaixo, as Áreas de Proteção Ambiental ameaçadas pela exploração de gás e petróleo são:

• Área De Proteção Ambiental Baía De Todos Os Santos
• APA Conceição da Barra
• APA Marituba do Peixe
• APA Ponta da Baleia/Abrolhos
• Arroio do Conde
• Mata Atlântica

O estudo da Lingo alerta que a biodiversidade global e o clima deveriam levar os governos a suspender a exploração de combustíveis fósseis em áreas sensíveis. Mas o que vem acontecendo, segundo a ONG, é exatamente o contrário: as áreas que deveriam estar sob proteção atraem a exploração e estão se tornando cada vez mais degradadas.

Mais de 2 mil projetos, em 91 países, para exploração de carvão, gás e petróleo em áreas de proteção ambiental. (Mapa: Lingo)