Mas, ao ser presa, ela levava 750 mil euros escondidos numa mala
Em depoimento prestado à promotoria de Bruxelas, a vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, negou que tenha recebido suborno do Catar para defender a imagem desse país, junto ao legislativo europeu. Mas, além dos 750 mil euros que ela levava numa mala, a polícia belga encontrou outros 150 mil euros em seu apartamento. Outros 600 mil euros foram descobertos nas residências de três pessoas que mantinham ligações com a deputada. Uma delas seu companheiro, o italiano Francesco Giorgi. No total, foram apreendidos, 1,5 milhão de euros, quase 9 milhões de reais. Kaili foi acusada de participar de “organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção”, pela promotoria de Bruxelas.
Embora Eva Kaili tenha negado qualquer envolvimento em corrupção, o Parlamento Europeu votou por 625 votos a 1, pela destituição de Kaili de todos os seus cargos no legislativo. Além de ser vice-presidente, ela representava a Grécia no Parlamento do bloco europeu. O governo do Catar também negou qualquer tentativa de subornar integrantes do Parlamento da União Europeia.
Em Novembro, Eva Kaili visitou o Catar, onde esteve reunida com várias autoridades do emirado. Acredita-se que, entre outros possíveis objetivos, o regime do emirado estaria interessado em melhorar a imagem do país, prejudicada pelas denúncias de abusos contra imigrantes que trabalharam na construção dos estádios para o Mundial de futebol. Ao retornar dessa viagem, ela fez um discurso no Parlamento, em Estrasburgo, onde afirmou: “O Campeonato do Mundo no Qatar é, na verdade, uma prova de como a diplomacia desportiva pode alcançar uma transformação histórica de um país com reformas que inspiraram o mundo árabe. A Organização Internacional do Trabalho disse que o Qatar é um líder em matéria de direitos laborais, tendo introduzido o salário mínimo”.
Além da deputada, o companheiro dela, Francesco Giorgi, que trabalha na área de direitos humanos do Parlamento, também está sendo investigado. Giorgi é conhecido por ter fundado uma organização não-governamental denominada: “Combater a Impunidade”.
Diante esse escândalo, deputados do Parlamento europeu já iniciaram discussões relacionadas com mudanças na forma de escolha dos representantes dos países do bloco.
Em Atenas, o governo grego anunciou o congelamento de todos os bens pertencentes a ela.