INTERNACIONAL

Espiã russa descoberta na Itália se passava por designer

Ela enganou funcionários da Otan durante 10 anos, em busca de segredos militares

Por: Marcelo Bonfá
Da redação | 26 de agosto de 2022 - 21:59

Um grupo de jornalistas investigativos descobriu uma espiã da agência de inteligência militar da Rússia, GRU, que se passava por uma designer de joias peruana. A agente disfarçada encantou e enganou uma parte da equipe da Otan, a aliança militar ocidental, que tem base na cidade de Nápoles, na Itália, durante quase 10 anos. Os investigadores dizem que ela se apresentava  como Maria Adela Kuhfeldt Rivera, filha de pai alemão e mãe peruana, nascida na cidade de Callao, no Peru.

Espiã russa descoberta na Itália se passava por designer

A espiã russa foi descoberta pelo site de jornalismo investigativo holandês. Fotos: Bellingcat

Na verdade, ela era uma oficial de carreira da GRU,  de acordo com os jornalistas do Bellingcat (site de jornalismo investigativo com sede na Holanda) em parceria com os veículos de comunicação La Repubblica, da Itália, e Der Spiegel, da Alemanha. Maria Adela, segundo apuraram os repórteres, foi treinada durante longo tempo para se passar por estrangeira. As agências de inteligência de Moscou usam esse tipo de disfarce desde os tempos da antiga União Soviética. Em muitos casos, eles permanecem vivendo com suas identidades falsas por décadas.

Segundo a investigação, a espiã passou a morar em Nápoles, sede do Comando da Força Conjunta Aliada da Otan, em 2013, depois de passar por Roma, Malta e Paris. Na cidade italiana, ela montou uma joalheria chamada Serein e levou uma vida social bem ativa. Na verdade, se tornou uma socialite, entre as altas rodas da moda e joalheria não apenas em Nápoles, mas em outras cidades italianas.

Ao assumir o cargo de secretária na filial de Nápoles do Lions Clube Internacional, ela enganou muitos funcionários da Otan e outros parceiros. Um deles inclusive disse que teve um breve relacionamento romântico com ela. 

Com ajuda dos dados biométricos, softwares de reconhecimento facial e as recursos de investigação do código aberto, as agências de contrainteligência estão conseguindo localizar com mais facilidade os ilegais. Christo Grozev, CEO da Bellingcat e investigador principal, disse que descobriu o rastro da espiã quando estava pesquisando num banco de dados do serviço de fronteiras da Bielorrússsia, vazado por um grupo de hackers de oposição ao regime ao regime de Alexander Lukashenko, fiel aliado do Kremlin. Grozev procurou números de passaportes russos em intervalos conhecidos por terem sido usados por agentes do GRU e encontrou vários resultados. A maioria tinha nomes russos e quem apareceu na lista?  Maria Adela Kuhfeldt Rivera estava lá.

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