MEIO AMBIENTE

Baleia franca entra na lista de espécies sob risco de extinção

A colisão com navios e as redes de pesca são as principais causas da mortalidade dessas baleias

Por: Júlia Castello
Da redação | 25 de outubro de 2022 - 21:59

A baleia franca do Atlântico Norte é mais uma espécie que entra para a lista de animais sob risco de extinção. No mais recente levantamento feito por um grupo ambientalista, a população dessa espécie foi estimada em apenas 340 dessas baleias. Na pesquisa anterior, divulgada em 2010, o número era de 480, o que significa uma queda de 25% em apenas uma década. De acordo com o “Consórcio da Baleia Franca do Atlântico Norte”, que é composto por cientistas, funcionários do governo e membros da indústria, houve um declínio na extinção destas baleias, de 2% só no ano passado.

As ações humanas tem impactado diretamente o meio ambiente, tanto na fauna como na flora, como a ciência tem demonstrado. Calcula-se que mais de 26 mil e 500 espécies estão ameaçadas de extinção no mundo, segundo dados da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

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No caso das baleias franca, os especialistas alertam que a ameaça crítica de extinção ocorre devido ao número de mortes de fêmeas reprodutoras. As principais causas da alta mortalidade e baixa reprodução é a atual vulnerabilidade das baleias às colisões com navios, além das redes de pesca comercial.

Em uma década, a queda na população das baleias franca do Atlântico Norte foi de 25%. (FreePik)

“Ainda estamos ferindo esses animais a um ponto em que não se trata apenas de sobrevivência. É sobre saúde, é sobre reprodução”, apontou Heather Pettis, pesquisadora do Anderson Cabot Center for Ocean Life do New England Aquarium e administradora executiva do North Atlantic Right Whale Consortium, durante uma entrevista para a agência The Associated Press.

A população estimada de baleias francas femininas caiu de 185 em 2014 para 142 em 2018, segundo um artigo publicado pela revista científica Frontiers in Marine Science. Este é considerado o maior declínio observado nas fêmeas reprodutoras.

Limitação da pesca comercial

As baleias franca do Atlântico Norte vivem na costa leste e migram todos os anos, durante o momento do parto para a Geórgia e Flórida. Por mais de 50 anos, a baleia chegou a ser listada como ameaçada de extinção sob a Lei de Espécies Ameaçadas. Mesmo assim, têm sido dizimadas desde a era da pesca comercial, nos séculos 18 e 19, quando eram caçadas para uso de seu óleo e da carne. Entre outros objetivos, o óleo era utilizado para iluminação.

O número alto das mortes das baleias gerou uma discussão sobre a pesca comercial nos Estados Unidos. As linhas subaquáticas verticais usadas para pescar principalmente lagostas e caranguejos são as que mais costumam machucar e levar à morte do animal. O governo norte-americano criou restrições à pesca de lagosta com o intuito de proteger as baleias.

Entretanto, foram muitas as críticas dos pescadores de que as limitações os tornariam menos competidores no mercado. Atualmente, existe um processo ainda pendente no Tribunal de Apelações dos Estados Unidos, de um grupo de pescadores que tentam suspender as novas regras.

Outros desafios

O aquecimento dos oceanos é também uma preocupação. A maior parte da espécie vive em zonas protegidas, sem pesca ou navegação. Com o aquecimento das águas, os pequenos peixes e moluscos que fazem parte de sua cadeia alimentar têm se movido, fazendo com que elas tenham que ir para áreas desprotegidas, onde ficam mais vulneráveis. Com isso, organizações de proteção ambiental têm defendido mais restrições à velocidade das embarcações e à pesca.

“Esses últimos números populacionais confirmam que a espécie continua à beira da extinção funcional, e as medidas atuais para salvá-la estão aquém”, afirmou Sarah Sharp, veterinária do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal.

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