SOCIEDADE
Ministro da Economia da França, Bruno Le Maire. (Foto: Associated Press)

Erotismo, o eterno fascínio dos franceses. L’amour, toujours, l’amour….

Ministro da Economia da França deixa os números de lado e ataca de escritor de temas eróticos

Por: Carlos Taquari
Da redação | 3 de maio de 2023 - 16:00
Ministro da Economia da França, Bruno Le Maire. (Foto: Associated Press)

Não bastassem as fotos da ministra para Assuntos Sociais e Comunitários, Marlène Schiappa, na revista Playboy, agora o ministro da Economia, Bruno Le Maire, resolve atacar de escritor de temas eróticos. No livro “Fugue Américaine”, (Fuga Americana) ele narra as aventuras de dois jovens em Cuba e, em alguns momentos picantes, resvala pela tradição da literatura francesa no campo do erotismo.

Inicialmente, o autor tenta uma abordagem política e filosófica, ao descrever a viagem de dois irmãos, Franz e Oskar Wertheimer, que vão de Nova York para Cuba. Um dos objetivos da viagem seria assistir a um concerto de piano. Mas o autor vê nesta “Fuga Americana”, um choque cultural e também o que considera como “a fragilidade dos seres humanos em sua busca pela existência”.

Capa do livro: Fugue Américaine.

Não demora muito e as preocupações filosóficas são deixadas de lado, quando um dos irmãos conhece uma jovem chamada Júlia, que vai incendiar seus pensamentos.

Numa das passagens mais ousadas do livro, o jovem Oskar descreve uma noite de amor com Júlia:

“Elle me tournait le dos ; elle se jetait sur le lit ; elle me montrait le renflement brun de son ……. “Tu viens Oskar ? Je suis ………. comme jamais.”

“Ela se virou de costas para mim; ela se jogou na cama…….(aqui há um trecho forte demais para reprodução)….. ‘Você vem, Oskar? ….Estou “pronta” como nunca”.

“En disant ces mots elle avait un visage d’ange; si elle était folle d’amour, moi j’étais en extase….. Julia était une révélation; elle était la lumière, elle était la vie”.

Ao pronunciar essas palavras, ela mostrava a face de um anjo; se ela estava louca de amor, eu estava em êxtase……Júlia era uma revelação; era uma luz; ela era a vida”. 

Choque com a realidade 

Trechos do livro viralizaram na mídia francesa e o ministro virou alvo de uma tempestade de críticas. Alguns criticaram o estilo, enquanto outros preferiram chamar a atenção para o fato de que a economia francesa ainda não se recuperou da crise provocada pela pandemia e pelas consequências da guerra na Ucrânia, como o aumento nos preços dos alimentos e combustíveis.

A inflação no país gira em torno de 7% – muito alta para os padrões europeus – e a previsão para o crescimento do PIB, em 2023, é de apenas 0,7%. Para completar, a economia francesa acabou de ser rebaixada no índice de classificação de risco da Agência Fitch.

A se levar em conta as mensagens postadas nas redes sociais, o livro do ministro Bruno Le Maire, está longe de poder ser comparado com os clássicos da literatura erótica francesa, como Les Liaisons Dangereuses (As Ligações Perigosas), de Chordelo de Laclos, que descreve o mundo dos aristocratas na França do século XVIII; ou Histoire d’O (História de O), livro da autora Anne Desclos, publicado em 1954, sob o pseudônimo de Pauline Réage, que conta a história da jovem O, fotógrafa de moda integrante de uma sociedade secreta onde participa de rituais de entrega e submissão. Mais distante ainda das obras do Marquês de Sade, o nobre que viveu entre os séculos XVIII e XIX, e que em seus contos e romances explorou os limites das fantasias sexuais.

Em todo caso, com seu livro, o Ministro da Economia acaba destacando a permanente preocupação dos franceses com “l’amour, toujours, l’amour’ ( O amor, sempre o amor’) retratada ao longo dos séculos por inúmeros autores.

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