Pesquisadores estudam meios de renovar as células para garantir mais saúde aos idosos
Com o intuito não de prolongar ainda mais a velhice, mas, sim, prolongar o “período de saúde” das pessoas, os pesquisadores James Kirkland e Tamara Tchkonia do estado de Minnesota, nos Estados Unidos, estudam como eliminar algumas células do corpo humano. Trata-se das chamadas “células senescentes”, associadas a diabetes, derrame, osteoporose e várias outras doenças crônicas que aparecem com a idade. Isto porque, elas liberam uma grande quantidade de compostos que criam um ambiente tóxico e inflamado causando estes problemas na saúde.
Com o passar do tempo, elas param de se dividir , mas não morrem. Acabam se acumulando nos tecidos do corpo, causando uma série de problemas. Um estudo da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, mostrou que elas representam até 36% das células em alguns órgãos de camundongos idosos.
James Kirkland é um dos pesquisadores que está realizando ensaios clínicos de possíveis tratamentos contra estas células. Sua pesquisa receberá durante quatro anos mais de três bilhões de dólares da organização “National Institute on Aging”, agência governamental dos EUA. O governo norte-americano está investindo bilhões de dólares em pesquisas que possam abrir caminhos para eliminar doenças que surgem com a idade. Só nos Estados Unidos, a expectativa é que o número de norte-americanos com 65 anos ou mais dobre , para 80 milhões, até 2040.
Ensaios em pequena escala começaram a ser realizados recentemente em pessoas com doenças como Alzheimer, osteoartrite e doença renal. Apesar disso, estas células já são conhecidas pelos pesquisadores há mais de 60 anos. Elas foram observadas pela primeira vez por biólogos que começaram a cultivar células em pratos de laboratórios. Eles perceberam que estas células, quando atingem esse estado de senescência, crescem e começam a exibir uma variedade de anormalidades genéticas.
Entretanto, estas células também podem trazer benefícios ao corpo. Judith Campisi, bióloga celular do Buck Institute for Research on Aging no estado da Califórnia, e outros pesquisadores descobriram células senescentes em camundongos adultos, onde participam da cicatrização de feridas. Em alguns casos, elas podem formar tecidos cicatriciais anormais, como também podem ajudar na cicatrização ao liberar compostos que promovem reparo do tecido.
Ou seja, pesquisas tem mostrado que o problema das células senescentes é quando elas ficam tempo demais no organismo. Em seres humanos saudáveis e mais jovens, estas células chamam as células imunológicas para destruí-las. Já em indivíduos não saudáveis ou idosos, o sistema imunológico não consegue eliminar todas elas. E quando as células senescentes ficam paradas, o coquetel de moléculas que elas produzem e a resposta imune contínua podem danificar os tecidos circundantes.
Dessa forma, o estudo da biologia das células senescentes não é apenas um caminho de muitas descobertas positivas para o envelhecimento saudável, como também para os embriões, onde o envelhecimento de certas células é crucial para o desenvolvimento adequado.
Kirkland, que é PhD em bioquímica na Universidade de Toronto, no Canadá, defende ainda que estas células também podem ajudar no tratamento de condições sofridas por pessoas mais jovens devido a lesões ou tratamentos médicos, como a quimioterapia.