Os candidatos favoritos de Trump sofreram derrotas humilhantes na terça-feira em disputas na Câmara e no Senado, colocando em risco o esforço do Partido Republicano para recuperar a maioria no Congresso.

O cenário adverso para boa parte do partido de oposição ao presidente Joe Biden contrasta fortemente com a vitória importante pela reeleição obtida por DeSantis. Ele conquistou votos em redutos democratas — um feito que os republicanos precisam reeditar nacionalmente para manter a esperança de retomar a Casa Branca, em 2024.

A vitória de DeSantis — combinada com a rejeição de boa parte dos americanos à marca Trump — projeta o governador à medida em que crescem as atenções para a corrida presidencial dentro de dois anos. “E funciona como um grito de guerra para aqueles que procuram uma alternativa a Trump”, disse o ex-presidente do Partido Republicano, Newt Gingrich, em entrevista.

Trump, durante as eleições de meio de mandato: desejo de candidatura tem obstáculo dentro do Partido Republicano (Foto: Washington Post)

“Foi uma vitória muito, muito importante para ele, e acho que isso o posiciona automaticamente como uma figura nacional”, disse Gingrich, conhecido como o arquiteto da plataforma “Contrato com a América” ​​que ajudou o Partido Republicano a assumir o controle do Congresso no meio de mandato de 1994. A derrota dos candidatos apadrinhados por Trump na Pensilvânia e em outros estados “dá a dimensão da vitória de DeSantis”.

O ex-presidente e o governador da Flórida estão em rota de colisão à medida que a estrela de DeSantis sobe no cenário nacional, alavancando apoio de líderes empresariais, incluindo o bilionário fundador da Citadel, Ken Griffin. E isso ficou visível durante a arrecadação de campanha. Os cofres de DeSantis levantaram um fundo recorde de US$ 164 milhões para a disputa a governador, mais do que os US$ 161 milhões que Trump arrecadou nos últimos dois anos.

Sentindo sua potencial vulnerabilidade a DeSantis, Trump anunciou sua intenção de lançar-se à reeleição já na próxima semana. E o ex-presidente tem tratado o governador cada vez mais como um rival, aumentando os ataques pessoais, incluindo uma ameaça feita na véspera da eleição de divulgar informações prejudiciais sobre DeSantis, caso ele decida concorrer também à presidência.

O ex-presidente tem o dom de perseguir inimigos políticos com apelidos humilhantes e, no período que antecedeu 8 de novembro, ele finalmente apresentou “DeSanctimonious” para minar o homem que agora é seu maior obstáculo à indicação republicana em 2024.

Até agora, DeSantis resistiu a morder a isca. Na noite de terça-feira, as redes de televisão o capturaram exibindo um sorriso irônico para os apoiadores, enquanto eles gritavam “mais dois anos”. Na manhã de quarta-feira, o tablóide conservador New York Post de Rupert Murdoch publicou uma foto de DeSantis na primeira página com uma brincadeira com seu nome: “DeFuture”.

Trump estava apostando que os republicanos ganhariam muito, deixando-o levar o crédito e encerrar as conversas sobre alternativas. DeSantis estragou esses planos por ter uma noite tão boa, e muitos dos candidatos mais bizarros e extremos que Trump apoiou foram rejeitados pelos eleitores.

Questionado pela Fox News Digital se ele atenderia a especialistas que sugeriram que os resultados de terça-feira mudariam seus planos, Trump rejeitou a ideia.

“Tivemos um tremendo sucesso”, disse Trump. “Por que alguma coisa mudaria?”

Em uma entrevista coletiva na quarta-feira para divulgar a exibição de meio de mandato dos democratas melhor do que o esperado, o outro adversário de Trump, o presidente Joe Biden, disse que planeja buscar a reeleição.

Questionado sobre quem seria o oponente mais difícil, Biden disse: “Será divertido vê-los se enfrentarem”.